PARA UM HOMEM COM OS OLHOS IGUAIS AOS MEUS

Em Brasília, entrei no gabinete 706, no final de 1994, que por muitos dias ele havia trabalhado.

Com vinte e seis anos e uma insegurança enorme; típica de quem joga tudo para o alto;  se aventura a sair de sua cidade e está chegando a capital do país. Começaria um novo trabalho no ano seguinte, em um lugar bastante imponente com um cargo que deveria ser meu pelos próximos quatro anos, mas só durou oito meses, mas essa é uma outra estória.

Dia após dia, encontrava com aquele homem intrigante, calado, que na verdade quem me chamou a atenção para ele foi a minha melhor amiga. Ela adora profetizar e na maioria das vezes ela acerta. Não vou contar a profecia, metade dela já se concretizou, talvez um outro dia eu escreva na íntegra toda essa estória que começou assim:

Depois que ela despertou a minha curiosidade em relação a ele, comecei a repará-lo. Dia após dia nos encontrávamos e nos cumprimentávamos com nossos olhares se cruzando meio tímidos.

Em uma tarde ensolarada e com um céu que só Brasília possui, sem que eu menos esperasse veio o elogio:  Os seus olhos são lindos. Obrigada. Os seus também, afinal são iguais aos meus.

Os dias continuaram a passar.  Inesperadamente veio o convite  para um almoço. Infelizmente naquele dia tinha um problema para resolver que não podia ser adiado. Mas ficou combinado para o dia seguinte uma sexta-feira.

Esperei a sexta-feira chegar com uma ansiedade enorme e quando ela chegou, era a hora do almoço que nunca chegava. Ele sempre lindo, com seus um metro e noventa de altura, cabelos escuros e um par de olhos verdes maravilhosos, incomparáveis, que me deixavam hipnotizada. Mais tarde descobri inúmeros outros adjetivos que só um bom dicionário daria conta de descrevê-los.

O almoço foi incrível, em um restaurante de frutos do mar à beira do Lago Sul, onde comemos lagosta e esquecemos do tempo. Ele foi tão cortês, charmoso e encantador e tínhamos tantos assuntos para conversar que quando vimos já eram quatro horas da tarde.

Depois desse almoço começaram os jantares, e ele nunca mais deixou de elogiar os meus lindos olhos verdes e eu sempre perguntava se ele queria elogio, e ele dava um sorriso maroto.

Um dia contei essa estória dos elogios aos meus olhos para um senhor amigo que riu e e me disse: - Minha filha ele nunca quis elogio ele simplesmente só conseguia enxergar o verde dos olhos dele nos seus.