Eu sou a outra

Sou duas em uma. Ou quantas mais habitam em mim?

Parei pensando sobre isso e, uma de nós resolveu colocar no papel, para que todas lessem.

Soa estranho dizer que somos mais que um. Mas é assim que percebo.

Quantas vezes você já se pegou conversando com o vazio?

Uma?

duas?

Algumas pessoas, ao divisarem alguém como se conversasse com um fantasma, a tacham de louca, quando, na verdade, loucos são os que não falam nem consigo próprio.

É comum nos darmos conta de que rimos ou comentamos algo acontecido sem mesmo haver um interlocutor. Pois, em alguns momentos, somos nós mesmos, sem carapaças, mascaras ou qualquer outro elemento que usemos para disfarçar nosso próprio EU.

E, não há melhor hora de sermos vários ao mesmo tempo, quando estamos completamente sozinhos.

Mas não quero dizer que sejamos o convencional “duas caras” e isso nada tem a ver com esse adjetivo.

Nem, tão pouco, seria o caso de dupla personalidade.

Esse é um caso que deve ser tratado a nível de consultório, onde o profissional da área terá métodos suficientes de diagnóstico.

O que falo, simplesmente, são os casos onde somos vários ao mesmo tempo. Rimos, choramos, discutimos e até fazemos acordo da boa camaradagem.Mas com nós próprios.

E, no meu caso, enquanto uma ri, a outra faz cara feia e quem me conduz é a que melhor se insere no contexto diário.

Neste exato momento sei que sou eu, ou vocês não me reconheceriam.

Muito prazer, eu sou a outra.

Lara Cardoso

Lara
Enviado por Lara em 10/05/2005
Código do texto: T16151