O último lugar que parei pra plantar o meu amor...

             Vivia eu, andando de escola em escola... para cumprir uma missão que por certo, me foi dada por Deus, pois em todas elas, meu coração apenas desejava, plantar sementes de amor, e eu as plantava... porém, antes mesmo que elas nascessem, minha alma percebia que havia chegado o tempo de sair dali, porque a minha presença era rejeitada pela maioria dos que ali trabalhavam. Então, penso que havia um anjo de Deus a me levar e proteger durante a permanência em cada espaço . E no momento certo, ele me retirava de lá, levando me- para iniciar novamente meu trabalho em outra seara. E assim vivi, a padecer as dores da rejeição e das malvadezas que me faziam, sem que nada de ruim, eu tivesse pelo menos pensado em fazer a qualquer criatura desses lugares por onde passei.
           E guiada pelas mãos desse anjo celestial, disso não tenho nenhuma dúvida, caminhei, feito folha seca ao vento, durante quase duas décadas. Mas um dia... E eu nem sabia, foi chegada a hora de parar, pelo menos por um tempo, que tem sido o mais duradouro de toda a minha caminhada. Então parei! Como de costume, parei numa escolhinha de periferia, muito pobre e sofrida. Naquele espaço faltava tanta coisa, desde o piso, até a ventilação e a claridade. Aí, me senti feliz e comecei a plantar minhas primeiras sementes de amor... Logo preparei vários canteiros, mas achando que podia partir a qualquer momento, pois como sempre, alguém iria arrumar um jeito de espatifar meus canteiros. Mas, aconteceu justamente o contrário, em vez de me rejeitarem, começaram a se aproximar de mim e a cada dia havia mais gente querendo me ajudar a cultivar os canteiros. E não demorou, logo as sementes começaram a brotar, cresceram rápido, se encheram de botões e eu ainda estava lá, mas pensava que possivelmente não viria as flores, nem tão pouco os frutos daquelas lindas plantas. E mais uma vez, meu anjo me levaria pra outro lugar... Tudo foi diferente! Deus, tinha um propósito de que nesta escola eu precisava permanecer, pois tanto eu, quanto ela, nos precisávamos e nos completávamos. E enfim, fui aceita naturalmente por esta linda comunidade.
           E não demorou muito. Em pouco tempo, a primavera chegou para nós. E a escola se transformou num jardim lindo e cheio de paz. Agora depois de tanto sofrimento, sem nem sequer saber o por que? Chego a conclusão de que tudo, absolutamente tudo, era o plano de Deus se cumprindo no meu viver. E neste lugar havia, um lugar reservado para o seu anjo plantar o meu coração, que estava cansado de tanto mudar de lugar e não poder ver desabrochar nenhuma flor das sementes que plantou. Agora havia chegado a plenitude do meu tempo... E aí, não foi só a escola, meu coração também, criou forças, perdeu o medo de se mostrar... e as flores que viviam sempre em botões, pois o sol não lhes dava calor suficiente para exibirem sua beleza e perfumarem aquele mundo, explodiram de alegria numa manhã qualquer desse tempo de bonança. E um coração reprimido pela inveja e incompreensão se viu em plena primavera e sua alma floresceu de forma esplendorosa. E de tão lindo que foi esse desabrochar, essas flores ficaram tão felizes que começaram a dançar e cantar incessantemente dentro de mim, cuja magia era tão grande que não podendo suportar, peguei lápis e papel e comecei a versejar, daí fui juntando página por página, que logo se transformaram num singelo livro, intitulado “Florescer da alma”, o qual, dedico carinhosamente a ESCOLA ESTADUAL JOSE VIEIRA, Localizada na periferia da Grande Natal/RN. Onde desejo que Deus Deixe para sempre plantado ali, uma das raízes principais do coração da minha alma.

Maria de Ftima Alves de Carvalho - Poetisa da Caatinga
Natal:07.06.09
Imagem do Google
Maria de Fátima Alves de Carvalho
Enviado por Maria de Fátima Alves de Carvalho em 07/06/2009
Reeditado em 16/08/2020
Código do texto: T1636964
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2009. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.