Ciclagem

Cissa de Oliveira

Bem que eu tenho vontade de saber se a natureza é mais natureza de baixo pra cima, ou de cima pra baixo. Por uma fração de segundos, a lembrança da vegetação molhada, verdinho bem desbotado da época da infância, me conta que é de baixo pra cima.

Você já reparou a floresta em miniatura dos locais onde a mão do homem não exerce poder absoluto? Ainda hoje, caminhando num parque, eu ia observando os mini-mundos que se entrelaçavam por ali.

E quanto ao cheiro da terra? Depois que a gente cresce, ah, como isto vai ficando raro! Especialmente pra quem mora na cidade. Embrulhada de asfalto, o seu cheiro é tão característico quanto o de uma estátua de mármore.

Você pode me falar em pôr do sol, nuvens, estrelas e outras coisas dessas que a gente se conforma de tocar somente com a intenção, ou com a poesia, assim como o fazemos com a relva, e com as flores mais tenras, depois de crescidos. E como um imã em busca do seu metal, eu sempre me voltarei para o encantamento. Quiçá, para a terra, em busca das minhas asas de verdade.

13.07.09

Cissa de Oliveira
Enviado por Cissa de Oliveira em 14/07/2009
Reeditado em 14/07/2009
Código do texto: T1698239