FUTEBOL / 1947

O ESPORTE NO “ESPETO”

“GOL!”

Maurício Marzullo

O Olaria andou recepcionando e acabou sendo recepcionado: o Madureira deu-lhe um balde...

...

Velas pandas, o Almirante Vasco da Gama assomou à frente do pelotão dos heróis, dobrando o Canto do Rio... a seus pés...

...

Por seu turno, o velho São Cristóvão tem pecado pela inocência...

...

Contra os “rubros”, rodadas atrás, o Bonsucesso foi um espelho de ímpeto e destemor: o América viu nele o diabo pela frente...

...

Já na Gávea, por motivo dos 2 x 2, a coisa está que é um mar de rosas: o “Pato” não estrila “nem nada”...

...

Célebre “nauger” peruano, na terceira travessia a nado do Canal da Mancha, levou 16 horas para vencer o furor das ondas.

Não se sabe se, durante a prova, ingeriu algum alimento. Deve é ter bebido muita água...

...

Horas após o término da luta Vasco x Canto do Rio, em que os de Niterói foram fragorosamente batidos por 14 x 1, o rapazinho encarregado da marcha do placar correu à sede da empresa responsável pelos seus préstimos e pediu pagamento de serviço extraordinário, alegando que tivera de fazer serão para deixar o “marcador” em dia...

...

O “Glorioso”, aquiescendo ao convite do Atlético Mineiro, foi às Alterosas para disputar a “Vera”, já que perdera a primeira partida e vencera a segunda.

De início, inaugurou o placar marcando um gol contra...

No segundo tempo, quando vencia de 3 x 1, ele próprio ampliou a contagem para 3 x 2, e, final, prostrando-lhe por terra as pretensões de levar a melhor, o Tijolo, o árbitro da peleja ainda lhe arranjou um pênalti... contra...

Pois bem! No aeroporto, lotado o avião com a turma alvinegra, ainda sobrou um lugar, que foi oferecido a um passageiro de última hora, o qual, no entanto, não aceitou a oferta: amedrontou-se com o excesso de peso do quadro botafoguense.

...

O guardião do Canto do Rio tem interpretado mal o popular sambinha, assim:

“Segredo é pra quatro paredes,

bola é pro fundo das redes...”

ESTÁDIO NACIONAL

Como já é do conhecimento público, a construção do estádio tem sido amplamente discutida na Câmara Municipal.

Questão das mais significativas para o desporto pátrio, houve ainda quem a ele se opusesse, levando-lhe uma barreira de dúvidas e mal-querença.

Entretanto, segundo se depreende, o bom senso triunfará, fugindo à marcação cerrada que lhe fazem e consignando, de cara, uma saraivada de tentos...

Depois, esse negócio de se alegar que no Dérbi, local pretendido pelos técnicos, existe um hospital de construção inacabada; o respectivo esqueleto, não de forma. Levantando o Estádio Nacional, para o aprimoramento da raça, forçosamente que o “esqueleto” terá de ir por terra.

Mas a verborragia tem feito uma balbúrdia no luminoso recanto da Câmara, explorando, por mil modos, a situação financeira.

Ora! Casem ao verbo a verba, que o estádio nascerá...

Publicado na revista O Espeto, p. 16, Rio, outubro de 1947, com o pseudônimo MM.

[Texto atualizado por Nelson Marzullo Tangerini,

sobrinho de Maurício Marzullo]

Arquivo famílias Marzullo e Tangerini:

nmtangerini@gmail.com, nmtangerini@yahoo.com.br

http://narzullo-tangerini.blogspot.com/

Nelson Marzullo Tangerini
Enviado por Nelson Marzullo Tangerini em 17/07/2009
Código do texto: T1705261