Como aprendi a reconhecer a beleza feminina

Eu vou contar um segredo meu. Aprendi isso na oitava série... Tinha uma menina na turma que era "a linda do colégio" e eu era apaixonado por ela. Perdidamente. Desesperadamente. E tinha outra menina na turma que eu gostava como pessoa, embora não tivéssemos um approach de ficar juntos.

Uma era alta loira, linda, toda princesa. A outra era morena, baixinha, de cabelos curtinhos, com umas sardas na área do nariz e sob os olhos, e simpaticíssima. A loira não era má pessoa, mas tinha aquele ar alheio, aquela cara de paisagem. Parecia que nada desfazia o ar de tédio dela. Já a outra, era o tipo que conversava de igual pra igual com a turma dos garotos, mas ao mesmo tempo não deixava de ser delicada ou feminina (apesar de não ser tão bela quanto a outra). Seu charme vinha da simpatia, do sorriso fácil, de uma boa vibração de pessoa boa.

Quando passou o tempo, eu fui analisar melhor, e descobri que a moreninha era o meu tipo de mulher. E não a loirona. Aquele ano passou e eu, perdido nas brumas da paixão, arrastei correntes até a época da formatura. Depois daquela época, nunca mais vi a moreninha. Mas nunca esqueci dela. Foi ela que me ensinou a valorizar o que tem por baixo da pele, dentro da cabeça e no coração da mulher. Me ensinou a não ficar parado em formatos de corpo, cores de cabelos e olhos e coisas do tipo. Eu juro... Se eu encontrasse a moreninha hoje, eu não tentaria ficar com ela, até porque ela poderia estar casada, ou vivendo uma história de vida que não tem nada a ver comigo. Mas com certeza eu daria um abraço super apertado nela e diria um obrigado. Mesmo que ela não fizesse a menor idéia do porque.