De Mãe para Filha

Graças ao meu bom Deus cultivei o hábito pela leitura e num piscar de olhos devoro livros e mais livros.

Este amor pelo ato de ler atribuo ao meu avô, que nos deixou um bom acervo e hoje estamos colhendo os frutos. E claro, semeando onde temos oportunidade. É nosso dever propagar a leitura, mas na minha concepção é de bom tom que comecemos por nossa casa. Ora, devo ser exemplo para que minha filha possa seguir. Tudo na teoria é simples e até fácil de manipular, mas na prática é "osso duro de roer".

Quando damos uma de "incentivadores" sem sermos operadores ativos da leitura, a resposta vem sorrateira e ameaçadora: - Por que você me mandar lê, se eu nunca a vejo lendo?

Bem feito, quem mandou enganar. Já se foi o tempo que enganávamos criança com pirulito.

Esforço-me para que minha filha seja uma leitora assídua. Tenho um prazer indescritível em recomendar livros para ela. Hoje mesmo li A Menina Nina, de Ziraldo e Como nasceu a alegria, de Rubem Alves. Imediatamente, como quem não quer nada, mas querendo, me aproximei e comecei a relatar sobre a beleza e a atração de ambos, deixei-a empolgadíssima. Fiz minha obrigação e fui para a escola.

Ao retornar, às 22h, encontrei-a no portão e perguntei sobre os livros, ao que ela me disse: - Ah, mãe eu já os li e queria fazer um comentário sobre as personagens. Eu tenho um pouco da Menina Nina e a vovó Vivi tem muito da minha vó.

Entrei agradecida pela colheita e quase num sussurro disse: - É filha, todos nós às vezes nos identificamos com alguns personagens, vivenciamos suas mesmas atitudes, sofremos ou rimos com eles e nos tornamos, ainda que sem os holofotes, um exímio escritor. Isso é que é o bom da leitura.

Elian Bantim
Enviado por Elian Bantim em 24/09/2009
Reeditado em 28/10/2011
Código do texto: T1827914
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