QUEM MEXEU NO MEU...?  (EC)


                  Podes ter certeza de que eu é que não fui. Me acredita, te asseguro. Não tenho por hábito mexer naquilo que não me pertence, logo eu que detesto que mexam nas minhas coisas, quaisquer que sejam elas, desde uma insignificante bijuteria a um objeto mais valioso.

                    E, ainda por cima, que razão teria eu para ir mexer "naquilo" que, a mim, só me causa repugnância? Não faça, pois, acusações precipitadas e sem fundamento. Procura com cuidado, deve estar por aí em qualquer lugar: escorregou por entre as almofadas do sofá, caiu dentro do carro quando saiste de manhã para o trabalho... É essa mania que tens de andar sempre com "aquilo" na mão. Não é a primeira vez que isso acontece e sempre fazes o maior escândalo para depois vir, mansinho, pedindo desculpas ao encontrar o objeto do teu desejo.

                    Sinceramente, não entendo esse teu apego. Aliás já virou um vício. Estás te tornando motivo de piadas entre os teus e os meus amigos. Quando comentam tento disfarçar e procuro levar na brincadeira para não pagar mico.

                    Afinal de contas, me diz, que interesse poderia alguém ter em se apoderar desse teu "pé-de-coelho", tão manuseado e fedido que cheira tão mal quanto um gambá! Nesta era de tantos avanços tecnológicos é totalmente ridículo acreditar que um "pé-de-coelho" morto possa te trazer alguma sorte. Vamos e venhamos. Se não deu sorte a ele, a ti é que não vai dar.
                    
                     Toma tento, cara, te situa!



 
Este texto faz parte do Exercício Criativo - Quem Mexeu no Meu...
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