SER PROFESSOR - UMA LUTA


Sempre chego do trabalho e abro o Recanto para ler os trabalhos expostos. Leio sempre dos que estão iniciando, deixo meu incentivo, depois vou ler meus amigos.
Hoje percebi, que como todas as datas comemorativas, os escritores abordaram o tema do dia. Li Sonetos, versos belíssimos, Artigos, Crônicas muito bem escritas, como sempre.
Fiquei aqui com meus botões, como dizia minha mãe, refletindo sobre o Dia do Professor.
 
Lembrei há mais ou menos 44 anos, quando aos dezesseis anos, comecei a construir meus sonhos, com um diploma na mão.
Com as palavras do Professor Paraninfo da turma em mente e justamente muitas palavras que dissera, li hoje nos textos.
”O Professor é um abnegado, por vocação e amor. Educa, ensina carinhosamente às suas crianças. Independente do salário que recebe, é pura doação”.
E nas escolas onde trabalhei, fui tudo isso. Comecei como alfabetizadora. Trabalhei por todas as séries até o segundo Grau. Muitas experiências acumuladas ao longo dos anos. Escreveria um livro. Realmente ele estava certo.
 
O Professor era polivalente. Talvez este tenha sido o erro. Fazia tudo. Tirava piolhos, dava banho, punha no colo, dava comida na boquinha, ministrava aulas, digitava provas, rodava naquele antigo mimeógrafo, limpava a sala, alguns faziam até comida, quando tinha e o Governo não contratava profissionais para fazê-la.  Não sei se ainda fazem.
Isto, sem despreocupar com a  formação integral da criança.
Como amei meus alunos!
Decerto hão de lembrar de mim. Hoje sei que alguns estão bem, (em geral os mais levados - não esqueci).
Eu era do tipo, que gostava de desafios. Aqueles alunos que todos reclamavam, eu gostava e ficava feliz, porque os encaminhava.
 
Lembro que uma época (curtinha), que ser marido de professora era status...Sabiam disso? Eu era solteira, mas mamãe dizia como a boca cheia: a moça é Professora, ganha bem, um bom partido.

Mas chega de doces memórias. Sempre adorei minha profissão. Se nunca teve valor para ninguém, teve para os alunos e isso era o maior prêmio. Sempre fui muito feliz. Nada pagaria este aprendizado que tive com eles.

 
Hoje, já aposentada, entendo o descaso com que me revoltei muitas vezes. Já imaginaram, se o Professor tivesse um alto salário? As cabeças pensantes deste País estariam todas nas salas de aula. O destino não seria esse, porque só se transforma o homem, pela Educação.
 
Em nome da Missão do Educador, peço perdão a todos pelas Professoras dos Presidentes que tivemos ao longo dos anos, Governadores, Prefeitos, Deputados, Vereadores e de todos que poderiam contribuir efetivamente para resgatar o respeito, a dignidade, a valorização desta Classe. Elas não tiveram culpa.
 
Independente da miséria salarial, da falta de investimento na Educação, das promessas feitas e não cumpridas, do descaso como somos tratados, das pancadas da polícia, sabemos nosso valor.
Eu sinto orgulho em ser PROFESSORA.
Ser Professor é ser perseverante, ter esperanças e jamais desistir da luta.
 

 
 
 
 
 

Elen Botelho Nunes
Enviado por Elen Botelho Nunes em 15/10/2009
Reeditado em 17/10/2009
Código do texto: T1868599
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