Sou Doce

Cissa de Olvieira

Dizem que sou doce. Sou mesmo. Melosa! Por onde passo, a poça. De um susto açucarado. Surpreendo por ser assim, insustentável. Como agüentar, hoje, a leveza, o poema e o lírico na prosa? Sofro. E peco. Pago mico. Sou poeta. Poetizo à gota, o aço e o impossível de ser tocado. Do pouco que sei, metade está lá fora, inacabado a meus olhos mortais. Sagrado. Que posso fazer, se a poesia é também de lá, e pede ser subjetivada?

Não posso calar. Apenas, desbravar dos ângulos,toda a maciez. Caminhar pétalas e descansar, nos olhos dos beija-flores. Se, feito gotas, quedo à raiz, ou se, em vôo, habito o peito do meu amado, de qualquer jeito, sou o que desperta em mim. Que sempre seja assim, de um jeito doce. Feliz.

O resto é sal. Passagem. Passado.

Cissa de Oliveira

Cissa de Oliveira
Enviado por Cissa de Oliveira em 22/05/2005
Reeditado em 05/11/2006
Código do texto: T18906