O PEQUENO ANJO

Em negrito deixo marcas de minhas lástimas

Em brancos papiros deixo a calada música de meu silêncio

Por que não posso deixar outra coisa além de meus sentimentos

Que cercam e delatam meu pobre e malicioso coração

E estes ventos de tão longe me mostrando lembranças

Aquelas das quais nunca tiveram seu lugar em sonhos

Decepei toda minha inveja e todo meu saber de meu corpo

Deixei que levassem minhas pernas a águas mais frias

Para que toda a ignorância fosse congelada destes tempos

Pareço não perceber meu destino, nem me importar

Mas, serão poucos que me levarão ao desconhecido paraíso

Desta maneira não morrerei pelas mãos inimigas, mas pelas minhas

Que doce anjo branco de vestes tão púrpuras como o sol

Parece com minha pequena criança que a deixei órfã

Mas também me tornei um órfão desesperado

Não vejo meus passos, não vejo meu legado

Será que tudo teria sido em vão nesta jangada

Ou será que meus amores nunca preservarão minha carícia

Isto me deixa triste, sem anseios a buscar

Isto me deixa com desejos de nunca ter abandonado o que ficou sem mim

Mas é tarde, perdi minhas asas e esqueci como voar

Tive medo de ver as ruas por onde brinquei

Não me contentaria em ser apenas mais um ser imaginário

Não me contentaria em morrer sem sentir o gozo de um humano

Eu seria apenas mais um anjo, um anjo decaído

E hoje sou mais uma alma sem meu paraíso

autor: Danilo Padovan

Daykon
Enviado por Daykon em 22/07/2006
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