O PEQUENO ANJO
Em negrito deixo marcas de minhas lástimas
Em brancos papiros deixo a calada música de meu silêncio
Por que não posso deixar outra coisa além de meus sentimentos
Que cercam e delatam meu pobre e malicioso coração
E estes ventos de tão longe me mostrando lembranças
Aquelas das quais nunca tiveram seu lugar em sonhos
Decepei toda minha inveja e todo meu saber de meu corpo
Deixei que levassem minhas pernas a águas mais frias
Para que toda a ignorância fosse congelada destes tempos
Pareço não perceber meu destino, nem me importar
Mas, serão poucos que me levarão ao desconhecido paraíso
Desta maneira não morrerei pelas mãos inimigas, mas pelas minhas
Que doce anjo branco de vestes tão púrpuras como o sol
Parece com minha pequena criança que a deixei órfã
Mas também me tornei um órfão desesperado
Não vejo meus passos, não vejo meu legado
Será que tudo teria sido em vão nesta jangada
Ou será que meus amores nunca preservarão minha carícia
Isto me deixa triste, sem anseios a buscar
Isto me deixa com desejos de nunca ter abandonado o que ficou sem mim
Mas é tarde, perdi minhas asas e esqueci como voar
Tive medo de ver as ruas por onde brinquei
Não me contentaria em ser apenas mais um ser imaginário
Não me contentaria em morrer sem sentir o gozo de um humano
Eu seria apenas mais um anjo, um anjo decaído
E hoje sou mais uma alma sem meu paraíso
autor: Danilo Padovan