COISAS DA PRAIA - MAS QUE OLHO
COISAS DA PRAIA - MAS QUE OLHO
FlavioMPinto
Capão da Canoa-RS. Verão de 2010, céu azul, água morna e limpa. Cem por cento para um excelente veraneio. A não ser a chuva de verão de vez em quando.
- Ih, tem um cara me olhando
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- Mas que indiscrição?
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- Não se pode mais se bronzear na praia...ai, que nojo!
A garota revirava-se, deitava-se ora de frente, de lado, de costas e o cara lá.
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- Ai, ai, ai. Ele me olha nos olhos ainda. Não é de se jogar fora, mas me olha dum jeito.....
A garota não parava de se questionar o porquê ser admirada daquela forma. E diretamente nos olhos.
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- O que será que esse cara quer ?
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- Porquê ele se esconde atrás do jornal e me olha só com o olho direito?
Passa-se o tempo e o cara continuava de olho na garota tatuada.
Ela olhava para todo lado e lá continuava o cara. Mirando firme.
Até que chega um rapaz que, com certeza era seu namorado. Reclama com ele que estava sendo “vigiada”, sem antes refazer a parte de baixo do biquíni que estava 11 e 15 e a parte superior que estava desamarrada para bronzear as costas.. E que bronzeado! E que lombo!
- Claro que todo mundo vai te olhar, Mariana. Com esses trajes o que queres? Ou tu achas que os homens são de ferro? E tu não tem um simancol de colocar um biquíni maior do esse de pouco mais de um triangulo de 7 por 7 centímetros de lado?
A garota que também tinha uma tatuagem colorida no quadril que avançava pela coxa direita se enraiveceu com o namorado e disse um monte de palavrões.
Zé da Cambraia não estava nem ai para a discussão do casal. Já tomara meia dúzia de cevas do bar do Regis e lia uma pilha de Zero Hora atrasadas desde as nove horas da manhã.
Chegara com a patroa , duas cunhadas e um primo de Livramento na noite anterior e cedo se mandaram para a praia.
- Temos de aproveitar, turma. Capão não é sempre, falou Zé.
- Ainda mais com esse carro, não é? complementou Cordolina.
Fora uma epopéia: saíram as quatro da manhã de Livramento e chegaram as nove da noite em Capão da Canoa. Foram para um apartamento de um quarto amontoados.
O Chevette hatch , branco, ano 81, era igual ao dono, movido a álcool e veio se engasgando por toda 290. Foi abastecido com quase um tanque em São Gabriel, outro no Papagaio e chegou no bafo em um posto de gasolina perto do aeroporto. E chegou.
Zé, se atualizando, já lia a Zero do dia, quando foi interpelado pelo namorado da garota tatuada.
Durante a conversa, o rapaz notou que o Zé não olhava diretamente para ele e sim para outro lado e Zé disse que só enxergava por um olho, o outro era de vidro! , e matou a charada.
Então era isso: o olho que apontava para a garota tatuada era o de vidro enquanto o outro apontava para o jornal!