CASTELOS DE AREIA...UM TERÇO DA MINHA VIDA EU VIVI!

Quando eu era criança, costumava atuar como líder entre os meus amigos. Senso de responsabilidade ou simplesmente marca de natural liderança.

Brincávamos construindo laços de amizade e união que passo a passo contribuíam para solidificar os traços de nossa personalidade e fortificar o ingênuo e indefeso caminho de nosso titânico crescimento.

Eram castelos de areia.

Os dias retificavam os nossos erros e a cada amanhecer estávamos lá, prontos para outros instigantes desafios, em que nos divertíamos muito, errando na maioria das vezes.

Evoluir, apesar de natural, causava febril descontrole e insuportável sensação. Parecia que não mais havia um ontem em nossas pequeninas vidas. Olhar em algum espelho era medonho. O crescimento apresentava-se de forma estranha. Não tinha lá muita graça.

A graça era poder destruir e recriar, infringir regras e esperar um castigo ou outro, para infringi-las novamente.

E a perspicácia; esta nos amparava em horas em que tínhamos que driblar desafios, suportar os desatinados instantes e esperar o acontecer.

Um olhar, um salto e lá ia eu gritando ao vento “Nacional Kid”, sob o obstinado olhar de alguns amigos, ou outros a passar. Com um pano amarrado ao pescoço livre no ar; e antes de se machucar no precipite ao solo, um sorriso deferido àquela linda menina, sempre de soslaio.

Eram castelos de areia.

Ah, havia os conselhos também. Os nossos pais, herdaram rigor e disciplina que ajudaram os poucos sobreviventes da época.

Eu fui um deles.

Eram sim, muito chatos aqueles ditos conselhos, que quando retrucados transformavam-se como se por encanto em ordens expressas sempre autenticadas por castigos ou pequenas surras, ou grandes às vezes.

Tudo para que o meu caminho, e o de outros, fosse o melhor a ser seguido. Ajudou-me muito, pois nos deslizes da imaturidade uma lembrança racional ajudava bastante e tirava da trilha derradeira os mais privilegiados pela esperteza.

A habilidade já se fazia presente construindo o alicerce do adulto futuro.

Eram castelos de areia?

Cheguei até o agora...

O destino, como transporte do tempo, me trouxe então aos dias de hoje, em que só me resta lembrar de outrora.

Recordo-me de cada instante como se estivesse assistindo a um épico, e as lágrimas vertem sem qualquer tipo de formalidade.

Vejo-me crescido então, e meu filho a desenhar os primeiros rabiscos de sua infância.

Estou aqui, ora de perto, ora de longe, para auxiliar, mas somente auxiliar.

Experiências vividas porém que se tornam simples conselhos agora, às vezes mal interpretados, ou fúteis, mas sem carregar os castigos ou surras, apenas a marcialidade de educar.

Presenciar o crescimento da nova criança lembrando do passado, dos que não conseguiram chegar até aqui.

Dizer que todas as suas construções materiais são “Castelos de Areia” e mostrar-lhe a sanidade da mente, pois,

“Um Terço da minha Vida eu vivi...”

E você?

O Guardião
Enviado por O Guardião em 01/08/2006
Reeditado em 17/10/2006
Código do texto: T206909