CRÔNICA #009 - POR UMA MELHOR QUALIDADE DE VIDA

Não tenho muito do que me queixar da vida. Já dizia o meu sábio avô: “Não necessitamos de grande feitos para nos sentirmos realizados. O homem que constituir o seu Lar,, gerar um filho, construir sua casa e escrever um livro será o suficientemente realizado”. Neste ponto, concordo com o meu avô, porém, o mais importante nisso tudo é estar em conformidade com a instrução Bíblica : “Se Deus não edificar a casa, em vão trabalha o construtor” (Salmo 127:1 ).

Eu sempre fui um aluno aplicado, digamos, acima da mediocridade. Opa! Acima da média, buscando o topo embora, nem às vezes conseguisse. Eu não conseguia ler uma lição mais do que uma vez.

Se insistiam meus pais, no máximo duas vezes. Era o meu limite. Às vezes esquecia-me do recreio para já adiantar as tarefas para o dia seguinte. Eu era muito tímido e os livros eram os meu favoritos. Creio que era uma espécie de fuga, mas me valeu a pena os buscar nesses momentos difíceis. Tinha uma memória fotográfica, tanto visual quanto auditiva. Mas, em compensação, exageradamente volátil. Talvez tenha sido por esse motivo que só estudava de véspera para as provas. Não posso me queixar disso, pois as notas de boas a excelente davam-me essa segurança. As tarefas diárias as resolvia durante os intervalos ou enquanto a professora dava as explicações necessárias, restando apenas uns 20% para casa, enquanto aguardava o almoço. Isso dava-me a tarde inteira para repousar. Nunca conseguia entender porque esse sono insaciável. Nenhum médico explicou a causa ou sugeriu qualquer tratamento.

O que me fazia fixar as matérias e mantê-las memorizadas era a generosidade que eu tinha em compartilhar com os meus colegas o que eu havia aprendido. Cada tarde era um grupo de colegas que chegava em minha casa para estudarmos juntos. Foi muito bom e divertido.

Por que relato tudo isso? Eu nunca engulo interrogações. Tudo precisa ser bem esclarecido. Aliás, desta qualidade infantil nunca abri mão. Estou sempre à busca de respostas para os meus porquês. Não sossego enquanto não tenho uma resposta satisfatória. E essa coisa de sonho insaciável, memória falhando cada vez mais me deixava mais e mais cabreiro. Procurei diversas vezes ajuda médica para tratar o 'não sei o que' que estava me perturbando durante toda a minha vida. Cada vez mais se agravava o meu quadro.

Uma vez, trafegava pela Avenida Aguanambi em Fortaleza, Ceará e enfrentava um terrível engarrafamento. Eu estava parado, exatamente no cruzamento com a Rua Domingos Olímpio. Não sei explicar porque fiz aquilo. Simplesmente desliguei o carro e caí num profundo sono, acordando com um tremendo 'buzinaço'. Minha mãe deve ter recebido um turbilhão de xingamento.

Liguei o carro, disfarcei e saí como se nada tivesse ocorrido.

Então, procurei ajuda médica para saber o que estava ocorrendo. O médico me enviou a um psiquiatra, afirmando eu ter ‘perfil psico-depressivo’. Relutei,rejeitando essa idéia que, graça a Deus não foi confirmada pelo especialista. Mas o problema continuou até hoje.

Sofro disso, pelo que me lembro, desde os 13 anos. Muita sonolência diurna e esquecimento constante. Chegava até ser motivo de graça o meu esquecimento, embora nunca achasse aquilo engraçado. Algumas pessoas diziam que eu tinha 'sangue queimado' (uma alusão ao diabetes) porque gostava de comer muita coisa doce. Nunca foi detectado qualquer problema com o meu sangue. O que eu queria mesmo era ter o meu sono saciado.

Hoje, já com meus 58 anos, procurando ajuda para me livrar do ronco, foi que ouvindo falar de apnéia do sono, vim pesquisar na internet e levantei a suspeita de que eu sou portador da SAOS. Isso foi comprovado pela polissonografia que fiz, tendo como resultado AOS de grau severo com 43.3 apnéias/hora e 37 acordares/hora.

Agora, corro atrás do prejuízo, procurando adquirir o CPAP adequado e prosseguir com uma vida mais saudável.

Também desconfio que os meus pais tenham morrido disso também.

De repente, sem nunca ter tido nenhum tipo de problema cardíaco, minha mãe se foi, num ataque cardíaco fulminante. Já chegou no hospital morta. Detalhe. ela, como eu e o meu pai roncava muito e não dormia profundamente.

Meu pai roncava muito e tinha sintomas de apnéia. Ficou hipertenso, mas controlava tudo, com dieta e medicamentos. Também morreu subitamente, de um ataque cardíaco fulminante.

Creio, como você que ainda estaríamos com eles se houvessem detectado essa SAOS e eles tivessem o tratamento adequado.

Para cada 10 amigos que compartilho essa minha experiência, fico chocado ao detectar que cerca de 6 a 7 deles me relatam passar por problemas semelhante.

Tenho feito uma enquete entre os meus leitores, com o intuito de retornar o resultado para o meu médico pessoal. Alguns têm relatado ocorrências de Tinitus (zumbidos auriculares),

Ronco, Aerofagia, Desvio do septo nasal,

Adenóides, Alergias respiratórias, medicamentosas ou alimentares, Diabetes, Obesidade, Hipertensão, taquicardia ou outro problema cardíaco, Sonambulismo, Pesadelos, Terror noturno, Dormência dos membros superiores e/ou inferiores, Sensação de asfixia durante o sono, Cefaléia pela manhã, Perda de memória recente ou dificuldade de concentração, Esquecimento, confundir os nomes de pessoas ou objetos, Mudança negativa de humor, Sonilóquio (hipnolalia = falar durante o sono), Acidentes domésticos ou de trânsito, Pigarro ao despertar ou durante o dia, Boca ressecada ao despertar, Pernas inquietas e Inapetência sexual. Pode até algum desses sintomas não serem causados pela Síndrome da Apnéia Obstrutiva do Sono – SAOS, mas é importante informar ao seu médico. Isso poderia detectar uma possivel SAOS e favorecer um tratamento eficaz.

Apelo à Comunidade Médica de meu país que incluam na anamnese, uma 'checklist' para que detectem precocemente os casos de apnéia e que esses possíveis paciente possa desfrutar de uma melhor qualidade de vida.

Alelos Esmeraldinus
Enviado por Alelos Esmeraldinus em 29/03/2010
Reeditado em 24/02/2011
Código do texto: T2165489
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2010. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.