A oficina de lavar roupas (Lembranças do quintal da minha avó!)

Eu não esqueço! Quem não é mais moço; o cabelo, tem no todo ou em parte, as cores do fruto do algodão, há de lembrar-se desse tempo! Como o dia que amanhece em cores, a lembrança faz sol dentro de mim! O rio da memória é caudaloso e seus respingos quando alcançam a cachoeira do tempo encharca de saudades o meu olhar! O tempo é um menino que brinca no quintal de minhas lembranças! No fio da teia do pensamento que longe vai anos atrás, o aumentado da casa ainda vai acontecer! Vejo, ainda é a cozinha o que hoje é sala de televisão! A porta da cozinha é de madeira e é tingida do azul da cor do céu.

Ela se abre para a sombra fresca do caramanchão! Quatro palanques fincados no chão, de altura e meia de um homem, dispostos num retângulo. Aos pés de cada um, uma videira foi plantada. O verde, que mais tarde ia dar uvas, num enlace gentil e necessário abraçou o poste para subir em direção ao alto e ir se esparramar sobre uma cama de arame, que docemente o meu avô teceu! Meu avô engenhou uma lavoura de palanque, plantas e arame para colher sombra o ano inteiro. Sob essa fruta gostosa que se saboreia para esconder o sol e amainar o calor, o meu avô semeou o tanque; ao lado dele, edificou o quarador.

O quarador era uma prancha de madeira de lei onde uma de sua ponta ficava arribada do solo, sustentada por um poste de meio metro de altura; e a outra ponta ia ter ao chão.

Era ali que minha avó alvejava as roupas para o trabalho e para as missas de domingo.

O caramanchão, o tanque e o quarador. Era ali a oficina de lavar roupas!