Meu bom dia!
Acordar ao lado de uma mulher bonita faz o homem se sentir mais homem. É como estar aos braços de uma mãe, só que muito mais selvagem. Esta cena dá a nós um poder territorial, os instintos mais primordiais dos primatas nos arrebatam e nos fazem defender o espaço que é nosso, sem medirmos as conseqüências.
Por exemplo, neste exato momento, Matilde dorme ao meu lado como se fosse um anjo. Tua respiração silenciosa e cútis relaxada me passam a sensação de tranqüilidade, mas, ao mesmo tempo, fragilidade.
Olho em volta de mim e o que vejo é um quarto. Um imenso móvel com alguns livros e um aparelho moderno de televisão está na minha frente, enquanto eu e minha namorada deitamos em uma cama de casal. Há também dois criados mudos e, ao meu lado esquerdo, uma porta.
É tudo meu! E sendo eu um cara extremamente instintivo, posso dizer que o banheiro, logo atrás da supracitada porta, também é meu. E só meu. E não me importa se estamos dormindo na casa dela. No quarto do pai dela. Aquilo ali é meu!
Não importa se foi ele quem a fez e a mãe foi quem a criou. Ela agora é minha. E sendo eu, além de instintivo, ousado, digo também que o apartamento inteiro é meu. Eu dormi ali, eu deixei minha marca ali.
Não importa também se Matilde nem é lá tão bonita, mas de manhã ela torna-se mais minha. E eu me sinto na obrigação de dominar todo aquele território. Dominar e cuidar.
Agora Matilde se mexe. Eu já a domino tanto que sei que, pela movimentação do seu rosto, ela irá despertar em alguns minutos. E me dará um beijo meio azedo, e me dirá bom dia e me dará um gigantesco sorriso e então levantará para escovar...
- Pega meu leite! – Matilde me diz abrindo apenas um olho.
Eu dou-lhe um beijo na testa e levanto-me para ir até a cozinha e pegar o leite dela.