CRÔNICA INSPIRADA EM "JE T’AIME MOI NON PLUS" *

Quase levei uma surra do meu pai!

Uma das coisas que eu gostava de fazer era ouvir músicas e comprava discos que se hoje ainda eu os tivesse, seria proprietária de raridades. Sempre apreciei a música internacional, especialmente a francesa e a italiana. Quando voltava das aulas da faculdade, passava em uma casa especializada em venda de discos, a mais valorizada de Aracaju, O CANTINHO DA MÚSICA, situado na Rua Laranjeiras e quase colada à Rua João Pessoa (hoje um calçadão), no centro da cidade.

O mundo virou de ponta cabeça e a loja não mais existe e o nome que honrou o comércio aracajuano é, atualmente, o de uma casa de show no mercado municipal.

Vi a capa linda, um casal bonito sobre um fundo azul e o título da que chamam “carro chefe” de um disco: JE T’AIME MOI NON PLUS. Foi o bastante para adquirir o único exemplar da prateleira.

Em casa a radiola bonitona, dessas automáticas que movimentavam o bracinho e desciam disco a disco para que não perdêssemos tempo e pudéssemos aproveitar bem as músicas escolhidas.

Meu pai caminhando pela casa, minha mãe envolvida com as plantas no quintal. Coloco o disco. Organizei o mundo e me estiquei no sofá para ouvir aquele lançamento. A música se movimentando e eu prestando atenção. Quanto mais ouvia, mais me interessavea e gostava. Não sabia tanto o francês para entender aquilo, mas quando eles diziam um ao outro JE T’AIME, ah, isto qualquer um entenderia. MON AMOUR, também. E que som era aquele de algo se quebrando logo na introdução? Não compreendia o conjunto de sentidos, mas logo consegui um bom professor que sequer sabia uma palavra da língua francesa.

A bronca aconteceu, uma trovoada. Meu pai, mesmo sem nada entender do que cantavam, traduziu o que acontecia naquela faixa musical. Foi a conta. Daí em diante só pude ouvir Je t’aime moi non plus quando ele saía para o trabalho.

Hoje encontrei um tributo aos dois cantores, Jane Birkin e Serge Gainsbourg num video maravilhoso.

Jane, uma bela mulher e Serge, um narigudo e orelhudo cheio de charme e bossa. Tem uma boca de beijo que parece o tempo inteiro dizer: Beije-me! Serge passa uma sensação de homem seguro, consciente de sua masculinidade e consciente também da beleza de sua mulher. Respeitou a alma feminina e soube prestigiar o lado santo da mulher e sua maternidade, como também soube levá-la carinhosamente pela mão, quando Jane vestiu um vestido transparente com os seios totalmente à mostra. Ele sabia que a mulher também gosta de exibir sua beleza e de andar na moda. Além disto, ele tem uma cara de quem soube se virar em muitos e dar conta do recado.

*Serge Gainsbourg

Composição: Paroles et Musique: Serge Gainsbourg 1969