O BARCO DE PAPEL (BVIW)

Quando criança, nos dias de chuva, gostava de fazer barcos de papel e colocá-los a navegar no canto da calçada de casa, ou da rua. Ao poucos, os barquinhos feitos de folhas de caderno ou jornal, superavam os obstáculos.

Observava com curiosidade a forma com que eles venciam na “correnteza”, pedrinhas e pequenos galhos de árvores... Em sua curta viagem os barcos de papel iam se desmontando, perdendo as cores vermelhas e azuis com as quais desenhava as escotilhas.

Assim como, os pequenos barcos modificam-se, devido a sua fragilidade, muitas pessoas transformam-se ao longo da vida, resultado em parte, das decepções e perdas a que são submetidas.

A fragilidade dos seres pode ser percebida em seus olhos, através de lágrimas ou um olhar sem esperanças, e em seus gestos ou postura que refletem desânimo, tristeza e a temida depressão.

Dependendo da situação, e da sensibilidade, a alma e o coração da pessoa ficam fragmentados como um delicado copo de cristal que, ao ser quebrado em inúmeros pedacinhos, perde a unidade o equilíbrio.

Há muita reflexão e beleza na fragilidade. A primeira porque nos faz refletir sobre a importância de valorizar cada segundo de vida, a segunda porque nos faz demonstrar emoções sem a proteção de máscaras.

Como não admirar a fragilidade e beleza contida na suavidade de um beija-flor, na pétala de uma rosa, de uma violeta, ou no colorido das folhas de outono?