EX-COLA
Escola aberta, piagetiana, construtivista, vocacional... Ao longo das últimas décadas os nossos ouvidos foram invadidos diariamente por palavras, conceitos, des-conceitos, que muitas vezes, infelizmente, não passavam de “discurso”. Frases, idéias, projetos e sonhos como “construindo o homem do futuro”, “deseducar para educar”, “educar para a liberdade”, “la le li lo luta”... Parece que tudo isso caiu no esquecimento, transformou-se em marketing de caça-níqueis ou caiu na lata de lixo da história.
Era tão bonito o sonho de uma escola que possibilitasse uma formação integral: ciência e cultura, cidadania, ética, filosofia, história das religiões, música, teatro, dança, pintura... ciências exatas e humanas irmanadas... a escola iria mudar o mundo...
Uma escola que abrisse os horizontes, mostrasse todas as portas para o crescimento e a sabedoria... uma escola pública digna e livre... a pedagogia do oprimido...
Enquanto isso, na sala... O menino chega da escola e o pai faz algumas perguntas pra saber como vão as coisas:
- Quem descobriu o Brasil ? – Pedro Alvares Cabral!
- Quem foram os Bandeirantes? – Foram os desbravadores do Brasil!
- O que foi que aconteceu em 1964? – A revolução redentora do Brasil!
- Qual o regime político brasileiro. Na sua santa ingenuidade, o menino
responde na lata: Democracia! Governo-do-povo-para-o-povo-pelo-povo!
- Fez algum trabalho de arte? – Aprendi a dançar “Que legal, curtir o terra samba não é nada mal...” mas pai, mudando de assunto, quando é que o senhor vai comprar uma “lúmina”? Não aguento mais andar em carro com duas portas.
Assim, Paulo Freire contorce-se no túmulo e chora, enquanto o menino corre para o seu super nintendo, vestindo sua calça zoomp e tomando seu gatorade.
E assim caminha a humanidade...