Serão elas, as vilãs?
Tere Penhabe

As mãos... serão elas, as vilãs da nossa história?
Lendo textos de poetas maravilhosos da internet, embrenhei-me numa reflexão sobre a parte do nosso corpo que executam tantas das
determinações do nosso cérebro e coração: as mãos.
Ocorreu-me então que elas expressam grandes paradoxos, ao longo da vida.
As mesmas mãos que apertam outras, animadas e felizes, em sinal de boas vindas, um dia acenam o adeus, às vezes desejando cair ao lado do corpo simplesmente, mas se sentem obrigadas ao último aceno, de alguém que parte, nem sempre por vontade nossa...
Mãos que afagam um rosto com carinho, ou até mesmo uma fotografia apenas, algum dia se armam de blasfêmias e impropérios para ferir, para magoar, para atingir e abalar... que triste paradoxo!
E mesmo que não cheguem às vias de uma bofetada, são elas que preparam tudo, que abrem o computador, clicam nas teclas necessárias, abrindo o caminho para criar a maldade, certamente não a mando do coração. O coração é imune à maldade, ela só se manifesta em nosso cérebro, quando este se sobrepõe ao coração. Mas são das mãos, o serviço sujo, digamos assim.
Porém não podemos nos esquecer, que se de um lado elas são vilãs, do outro, elas enxugam as lágrimas, quando é preciso, e vão prestativas ao rosto, quando nos surpreendemos com a maldade de mãos alheias pelo que nos enviaram.
Deixam então, de serem vilãs para serem companheiras, amigas, parceiras de fato, da nossa tristeza e de nós mesmos.
E são tantas as funções contraditórias que exercem nossas mãos, que seria impossível enumerá-las, mas com certeza, é inquestionável que têm funções completamente antagônicas...
Mãos que amparam... derrubam...
Mãos que acolhem... empurram...
Mãos que abrem a porta... algum dia, a fecham sem hesitação...
Mãos que doam... roubam...
Mãos que afagam... esbofeteiam...
Mãos que elogiam... criticam com maldade...
Mãos que secam lágrimas... também as provocam...
Mãos que alimentam... tiram o pão da boca de outrem...
Mãos que votam felizes... dia mais dia menos, se desesperam...
Mãos que se estendem... ocultam-se...
Mãos que aplaudem... também acusam...
Quantas funções adversas quisermos acrescentar para elas, será sempre possível.
Por isso, às vezes me pergunto:- Serão elas, as vilãs...?

Santos, 03.09.2006
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