Brasil e Portugal na África do Sul

Nos anos noventa o internacional inglês Gary Lineker (que jogou 15 anos como profissional sem nunca ter visto um cartão amarelo ou vermelho) afirmava que “o futebol são onze contra onze e no final ganha a Alemanha”.

Hoje, tal como nessa época, a frase faz todo o sentido, demonstrando que o futebol não é aquele conto de fadas que os Media pretendem fazer aos apreciadores deste desporto universalista.

Endeusam-se homens a uma velocidade vertiginosa, comparável apenas ao ritmo com que muito deles tombam no esquecimento… o futebol é e deve ser um jogo colectivo e todas as selecções que apresentaram um estilo direccionado para uma única vedeta, acabaram eliminadas sem honra, nem glória.

O futebol não é circo e se algum jogador vai para um torneio desta dimensão com o ego inflamado, fará melhor se não colocar ali os pés… Não faz bom serviço ao futebol, nem ao seu país, nem ao mundo, pois alguns dos seus exemplos são (má) escola para as mais novas gerações.

O futebol de Argentina, Brasil e Portugal foi fortemente penalizado por essa falta de estratégia e audácia, onde três das maiores vedetas do universo futebolístico tinham sobre os seus ombros um peso que caberia a todos… E este estilo de futebol é facilmente contrariado, bastando para isso não deixar essas individualidades jogar. E quando estas estrelas se apagam, as suas selecções não apresentam outra alternativa viável – uma espécie de plano B.

De quem é a culpa, perguntamos nós?!... Fácil: Dos seus treinadores que, sem dimensão criativa e até competência, ficam presos na teia das suas próprias insuficiências e além de não controlarem os egos das suas vedetas, ainda os potenciam mais.

Na minha perspectiva considero normal o afastamento destas selecções da discussão dos 4 lugares cimeiros.

Messi, Kaká e Ronaldo não podem ter sobre os seus ombros a responsabilidade que cabe a todos e o futebol deve de ser assumido também pelos seus colegas. Do mesmo modo que quando saem vencedores não devem ser apenas eles os heróis, com a pena de sermos injustos para com aqueles que contribuem de igual modo para o sucesso do colectivo.

Já antes alguns países ex-campeões mundiais não tinham conseguido o apuramento na fase de grupos, precisamente pela falta de talento e audácia dos seus treinadores, a que se alia alguma perda de valores individuais, colectivos e até disciplinares.

De qualquer modo não devemos levar isto tão a peito pois, no fim de contas, só um pode sair vencedor e além do mais, existem selecções menos cotadas que também querem dar um ar da sua graça.

Este mundial tem ficado ferido pelo futebol muito defensivo e por alguns erros de arbitragem… As vedetas estão sem espaço e sem ideias, os golos escasseiam e o entusiasmo não é muito. O medo de perder sobressai sobre a vontade de vencer o que faz com que existam mais vilões do que heróis.

Vai passar-se assim um mês de futebol, de horas entretidas mas muito pouco entusiasmantes…

E nada de novo se passa no mundo do futebol...

No Final, como dizia Lineker - mas com justiça também - ganham os alemães!

03.07.2010, Henricabilio

PS: Os resultados vieram de algum modo contrariar as minhas palavras - não tenho os dotes premonitórios do tal polvo - mas em boa verdade considero a seleção alemã uma das vencedoras deste torneio, pois foi das que melhor futebol apresentou e considero que no final, os vencedores são os apreciadores do bom futebol.

As quatro seleções que lutaram pelo pódio mereceram realmente estar aqui, quer pelos espetáculos oferecidos, quer pelo seu empenho em busca da glória.

Neste aspeto acho justo dar também uma palavra de apreço às seleções de Gana, Paraguai e Japão, dignos representantes de um futebol menos conhecido, mas não menos ambicioso.

08.07.2010, Henricabilio

HENRICABILIO
Enviado por HENRICABILIO em 04/07/2010
Reeditado em 09/07/2010
Código do texto: T2357658
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