VIDAS EM PRETO E BRANCO

VIDAS EM PRETO E BRANCO

Maria Teoro Ângelo

É muito triste ver pessoas que perderam o encanto de viver. Os motivos que as levam a esse desencanto podem ser vários: a chegada da velhice, uma doença, a perda de alguém querido, a falta de emprego, uma situação de penúria e por aí vai. Nada as motiva mais, não riem das piadas, não acham graça no que as rodeia, tornam-se indiferentes a tudo incluindo à própria dor. Não se importam em sofrer. Assumem um olhar triste, uma posição fetal na cama ou mesmo sentados como se pudessem voltar e nunca terem nascido.

A família se desespera, procura ajuda profissional, mas o mais difícil é eliminar as causas que transformam as pessoas em espécies de robôs programados para ser infelizes. Pode ser falta de algum hormônio, de algo que não funciona direito no organismo. Pode ser aquele espinho que insiste em machucar e que todos nós encontramos em algum momento.

Vi a mocinha morrendo em vida porque foi arrancada de um amor que ficou do outro lado do oceano. Vi o homem sem horizonte, debilitado pela sequela de um acidente e achando que viver estava difícil. Vi o velho sofrendo um ataque cardíaco e só esperando os outros ataques para morrer.

Vi a dificuldade em ter um acompanhamento psicológico pago por um convênio médico.Vi a falta de uma religião, uma fé. Vi que enxergar a vida assim em preto e branco afeta crianças, jovens, adultos, velhos, homens e mulheres.

Muita gente sucumbe diante dos problemas; uns retornam ao mundo colorido, outros permanecem nas sombras. Dói não sermos onipotentes e poder devolver o sorriso àquele que o perdeu.

Ser feliz, apesar dos pesares, é tão bom. Contentar-se com pouco, encontrar em coisas insignificantes motivo para rir, achar que viver é bonito, que o mundo é feito de cor.

Mas o que mais nos gratifica é quando alguém acha que viver ao nosso lado é delicioso e que , quando vai aonde devemos estar, diz com alívio: " Ainda bem que você está aqui!"