ESTÁ O CRISTÃO OBRIGADO A RESPEITAR OS PRECEITOS DA LEI DE MOISÉS?

A Lei de Moisés foi dada exclusivamente ao povo hebreu circunciso. Também representava o Pacto feito com o Israel natural no monte Sinai tendo Moisés como mediador, inaugurado com a aspersão de sangue de animais sobre o altar e o povo. Veja Êxodo 24:3-8 que diz: Veio, pois, Moisés e relatou ao povo todas as palavras do Senhor e todos os estatutos; então todo o povo respondeu a uma voz: Tudo o que o Senhor tem falado faremos. Então Moisés escreveu todas as palavras do Senhor e, tendo-se levantado de manhã cedo, edificou um altar ao pé do monte, e doze colunas, segundo as doze tribos de Israel, e enviou certos mancebos dos filhos de Israel, os quais ofereceram holocaustos, e sacrificaram ao Senhor, sacrifícios pacíficos, de bois. E Moisés tomou a metade do sangue, e a pôs em bacias; e a outra metade do sangue espargiu sobre o altar. Também tomou o livro do pacto e o leu perante o povo; e o povo disse: Tudo o que o Senhor tem falado faremos, e obedeceremos. Então tomou Moisés aquele sangue, e espargiu-o sobre o povo e disse: Eis aqui o sangue do pacto que o Senhor tem feito convosco no tocante a todas estas coisas.

Este pacto foi feito exclusivamente com o povo de Israel, que conforme eles mesmo disseram:

Tudo o que o Senhor tem falado faremos, e obedeceremos.

Porém, infelizmente o Israel natural muitas vezes deixou de cumprir o pacto, violava os 10 mandamentos vez após vez, praticando idolatria, violando os sábados etc. Por isso mais tarde quando Josué, pouco antes de morrer, reuniu o povo e lembrou-lhes os estatutos e as leis de Deus, e eles responderam a Josué:

É inconcebível da nossa parte abandonarmos ao Senhor para servir a outros deuses. Porque o Senhor é o nosso Deus; ele é quem nos fez subir, a nós e a nossos pais, da terra do Egito, da casa da servidão, e quem fez estes grandes sinais aos nossos olhos, e nos preservou por todo o caminho em que andamos, e entre todos os povos pelo meio dos quais passamos.

E o Senhor expulsou de diante de nós a todos esses povos, mesmo os amorreus, que moravam na terra. Nós também serviremos ao Senhor, porquanto ele é nosso Deus. – Josué 24:16-18.

No entanto Josué sabia que era um povo difícil, incapaz de cumprir a sua parte no Pacto que o Senhor Deus fez com eles. Por isso ele francamente lhes disse: Não sois capazes de servir ao Senhor, porque é Deus santo, ele é um Deus que exige devoção exclusiva, que não perdoará a vossa transgressão nem os vossos pecados.Se abandonardes ao Senhor e servirdes a deuses estranhos, então ele certamente recuará, e vos fará o mal, e vos consumirá, depois de vos ter feito o bem. – Josué 24:19,20.

Por causa das promessas feitas aos patriarcas Abraão, Isaque e Jacó, Deus não exterminou aquele povo, mas viu a necessidade de se fazer um outro pacto, e em outras condições. A promessa de um novo pacto foi feita no tempo de Jeremias conforme registrado em Jeremias 31:31-34: Eis que vêm dias, diz o Senhor, em que farei um pacto novo com a casa de Israel e com a casa de Judá, não conforme o pacto que fiz com seus pais, no dia em que os tomei pela mão, para os tirar da terra do Egito, esse meu pacto que eles invalidaram, apesar de eu os haver desposado, diz o Senhor. Mas este é o pacto que farei com a casa de Israel depois daqueles dias, diz o Senhor: Porei a minha lei no seu íntimo, e a escreverei no seu coração; e eu serei o seu Deus e eles serão o meu povo. E não ensinarão mais cada um a seu próximo, nem cada um a seu irmão, dizendo: Conhecei ao Senhor; porque todos me conhecerão, desde o menor deles até o maior, diz o Senhor; pois lhes perdoarei a sua iniqüidade, e não me lembrarei mais dos seus pecados.

Esta Profecia foi cumprida na noite da Páscoa de 33. E.C. quando no final da refeição noturna Jesus Cristo inaugurou esse Novo Pacto com os seus discípulos fiéis, usando o cálice de vinho para representar o seu sangue que seria derramado numa estaca de tortura, mais tarde naquele dia, conforme diz Mateus 26:26-28: Enquanto comiam, Jesus tomou o pão e, abençoando-o, o partiu e o deu aos discípulos, dizendo: Tomai, comei; isto significa o meu corpo. E tomando um cálice, rendeu graças e deu-lho, dizendo: Bebei dele todos vós, pois isto significa o meu sangue, o sangue do pacto, o qual há-de ser derramado em benefício de muitos para o perdão de pecados.

A Lei de Moisés era um manuscrito que apontava os pecados do povo de Israel. Ora se o sangue de Cristo era para remir ou perdoar pecados, esse manuscrito teria de ser apagado. Veja o que diz Paulo na carta aos Colossenses 2:13, 14: ... e a vós, quando estáveis mortos nos vossos delitos e na incircuncisão da vossa carne, vos vivificou juntamente com ele, perdoando-nos bondosamente todos os nossos delitos;e havendo apagado o documento manuscrito que havia contra nós nas suas ordenanças, o qual nos era contrário, removeu-o do meio de nós, pregando-o na estaca de tortura;

A Lei de Moisés não era algo definitivo para a humanidade como um todo, apenas serviu para conduzir o Israel natural a Cristo.

Paulo explicou isso de maneira magistral na sua carta aos Gálatas capítulo 3 versículos 22 a 26 como segue:

Mas, antes que viesse a fé, estávamos guardados debaixo da lei, encerrados para aquela fé que se havia de revelar. De modo que a lei se tornou nosso tutor, para nos conduzir a Cristo, a fim de que pela fé fôssemos justificados. Mas, depois que veio a fé, já não estamos debaixo de tutor. Pois todos vós sois filhos de Deus pela fé em Cristo Jesus.

Escrevendo aos Romanos no capitulo 10 e versículo 8, o apóstolo Paulo disse:

Pois Cristo é o fim da lei para justificar a todo aquele que crê.

E ainda para mostrar que a Lei de Cristo é a Lei do amor que todo o cristão deve praticar, ele escreveu o que está em Rom. 13:8-10:

A ninguém devais coisa alguma, senão o amor recíproco; pois quem ama ao próximo tem cumprido a lei.

Com efeito: Não adulterarás; não matarás; não furtarás; não cobiçarás; e se há algum outro mandamento, tudo nesta palavra se resume: Amarás ao teu próximo como a ti mesmo.

O amor não faz mal ao próximo. De modo que o amor é o cumprimento da lei.

Paulo estava falando aos cristãos gentios, pois também havia os cristãos judeus. Portanto os cristãos do primeiro século pertenciam as estes dois povos. Dado que os judeus em geral desprezavam os gentios era natural que o apóstolo falasse da Lei do amor. Dessa forma haveria paz entre cristãos judeus e cristãos gentios. Foi por isso que a Lei de Moisés foi abolida na estaca de tortura de Jesus Cristo. Isso é o que nos diz Efésios 2:13-16: Mas agora, em Cristo Jesus, vós, que antes estáveis longe, já pelo sangue de Cristo chegastes perto. Porque ele é a nossa paz, o qual de ambos os povos fez um; e, derrubando a parede de separação que estava no meio, por meio da sua carne ele aboliu a inimizade,isto é, a lei dos mandamentos contidos em ordenanças, para criar, em si mesmo, dos dois um novo homem, assim fazendo a paz e pela estaca de tortura reconciliar ambos com Deus em um só corpo, tendo por ela matado a inimizade.

Portanto se a Lei de mandamentos e ordenanças foi abolida, os cristãos não mais estão debaixo da Lei mosaica, mas sim sob a Lei do amor. Isso quer dizer que o cristão deve amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo conforme o próprio Jesus Cristo falou conforme está registrado em Mateus 22:37-40: Respondeu-lhe Jesus: Amarás ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, e de todo o teu entendimento. Este é o grande e primeiro mandamento. E o segundo, semelhante a este, é: Amarás ao teu próximo como a ti mesmo. Destes dois mandamentos dependem toda a lei e os profetas.

Assim o cristão não está mais obrigado a guardar certos preceitos da lei mosaica tais como: Ir três vezes por ano a Jerusalém adorar no Templo, pois ele não existe mais. Levar os dízimos à casa do Tesouro, pois ela não existe mais. Nem tampouco guardar certos dias tais como o sábado por exemplo. O apóstolo Paulo fala disso em Colossenses 2:15 e 16: Ninguém, pois, vos julgue pelo comer, ou pelo beber, ou por causa de dias de festa, ou de lua nova, ou de sábados, que são sombras das coisas vindouras; mas a realidade pertence a Cristo. Quando alguns cristãos judeus na congregação da Galácia insistiam em guardar os preceitos da Lei mosaica, Paulo os admoestou severamente. Gálatas 4:10,11 diz: agora, porém, que já conheceis a Deus, ou, melhor, sendo conhecidos por Deus, como tornais outra vez a esses rudimentos fracos e pobres, aos quais de novo quereis servir? Observais escrupulosamente dias, e meses, e tempos, e anos.Temo a vosso respeito não haja eu trabalhado em vão entre vós.

A Lei mostrava as transgressões, os pecados, ora se pelo sangue de Cristo os nossos pecados e transgressões foram apagados, então porque algumas igrejas insistem ainda em ensinar seus rebanhos que se devem guardar certos preceitos da Lei?

Em Romanos 6:13-14 diz: Nem tampouco apresenteis os vossos membros ao pecado como instrumentos de iniqüidade; mas apresentai-vos a Deus, como vivos dentre os mortos, Também vossos membros a Deus, como instrumentos de justiça. Pois o pecado não deve dominar sobre vós, visto que não estais debaixo da lei, mas debaixo da benignidade imerecida.(da graça - J.F. de Almeida).

Sim, o Cristão está debaixo da benignidade imerecida do Altíssimo Deus estendida ao homem pelo sacrifício propiciatório de Jesus Cristo e nunca debaixo da Lei mosaica, sendo obrigado a guardar os preceitos dela.

Compilação e conclusões de Victor Alexandre!