Sobre Brasília

Lá estava eu, no aeroporto, fazendo tantas coisas pela primeira vez, me sentindo deslocada e com muuiitooo medo de voar. Destino: Brasília.

É difícil ir à Brasília, sem avaliar seus conhecimentos sobre política, ou pelo menos, lembrar de política, ou dos políticos. Ainda mais em épocas de eleição presidencial.

Fiquei surpresa, na verdade mais chocada, ao perceber que ando mais alienada ao mundo político do que à vida irracional das celebridades.

Por mais desculpas que eu inventava: - não tenho tem

- ler sobre política é chato e cansativo!

- Não vai adiantar nada, mesmo!

Nada disso deixou minha consciência em paz.

Ainda mais quando me vi cercada de tantas questões políticas: - ser aluna do Prouni e garotapropaganda da campanha eleitoral da Dilma! medo

Para resumir a situação: A primeira turma de medicina do Prouni, que se forma esse ano, recebeu um convite do Ministério da Educação para um simpósio, onde basicamente receberíamos uma homenagem pelo excelente desempenho dos alunos, ao todo acima da média dos alunos das escolas de ensino superior privadas, com direito à encontro com o Presidente da República.

Fiz disso uma situação difícil.

Primeiro, o que mais me irritava, era aquela gratidão cega, exagerada, ufanista, que não elabora prós e contras, apenas aceita e idolatra.

Eu não me sentia assim e não sei se sentia culpa por isso.

Procurei por algum tempo, sem muito esforço, confesso, decidir se apoiava ou não o governo Lula.

Se afinal esse governo foi apenas uma continuação do anterior, ou se foi uma revolução, ou apenas alguém com sorte e marionete do poder.

Ainda não sei.

A sensação que tenho, é que a aprovação popular diz: "Tudo bem, rouba, mas faz!", o que me gera muita repulsa.

Então, veio a questão do sentimento de gratidão. Eu sou grata?

Tentei conversar com um amigo sobre isso. Ele então, me falou algo que parecia simples, mas fazia todo um sentido interessante. Mais ou menos isso:

_ Eu votei no Lula, as duas vezes. Me decepcionei. E agora, não voto mais.

Ficou claro que eu estava me revoltando pelos motivos errados. Sentindo culpa onde não existia.

É natural uma população ter o direito de escolher seu representando máximo. E é claro, não o dever. É necessário mais tempo para avaliar os candidatos e uma população com mais conteúdo crítico. É melhor para o país ter alternância de poder. Não deveríamos ter medo de escolher o candidato errado. Ou eu não deveria querer impor meu ponto de vista. O candidato é quem deveria temer não ser correto.

Eu não tenho que adivinhar se o candidato é honesto. A população deveria votar com mais consciência crítica, continuar com essa consciência durante todo o mandato e a justiça procurar, encontrar e punir os culpados.

E então, se não fosse bom, não se repetiria.

Deveríamos falar de política sempre.

A educação pública nesse país, é uma lástima. Eu sei, eu estive naqueles bancos.

Por isso, posso falar, não deveríamos estar comemorando o Prouni, apenas nos sentindo penalizados por precisarmos de um programa como esse, cheio de politicagem, para provar que as crianças desses país, só precisam de recursos para se destacarem. Um bom ensino básico e mais vagas nas universidades, onde realmente podemos mudar a realidade da educação.

Não sinto mais ódio daquela gratidão cega, quando chamam o Lula de santo, afinal, essa oportunidade, apesar de vim tarde na minha educação, mudou a minha vida para sempre e de muitos outros jovens.

O que me deixa triste é que esse projeto tramita na insensibilidade para deixar a população insegura acreditando no "Não é a solução, mas é alguma coisa.", com medo de escolher a oposição, sem saber do verdadeiro poder que deveria exercer.