IPÊS AMARELOS

IPÊS AMARELOS

Maria Teoro Ângelo

Os ipês amarelos estão floridos. Por onde quer que se ande, para onde quer que se vá, lá estão eles. Imponentes, destacados e muitas vezes solitários, sobreviventes da chacina de seus semelhantes. É que, quando se derruba a mata, até o mais insensível lenhador se abranda diante de espécie tão exuberante.

Curvo-me diante de qualquer árvore e diante de um ipê florido rendo graças a Deus, autor que é de tamanho bom gosto. As suas flores tão perecíveis, tão passageiras, tão fugazes, tão instantâneas não resistem a um simples toque. Morrem à toa, caem ao mais leve sopro do vento.

De posse de elementos tão frágeis o ipê constrói o seu poder. Com flores tão pequeninas e indefesas, se torna a rainha das árvores. É admirado, é cortejado, se faz notar. Todos percebem e comentam tanta formosura. Ninguém fica indiferente à sua majestade.

Assim é a nossa vida. Também construímos a nossa beleza com as pequeninas atitudes de cada dia, com ações tão fáceis de executar: a palavra de carinho, o agradecimento sincero, o sorriso, a mão estendida, a capacidade de saber ouvir, o gesto de carinho, a disponibilidade para servir, o simples fato de estarmos ali.

O ipê recebe de graça o sol, a terra e a água e transforma num delírio de arte e poesia. Recebemos também, por ordem divina, a essência que nos faz humanos. Nossos dons não nos custam nada e têm um valor infinito para quem deles se valer.

Plantei um ipê amarelo. Quando floresce, eu fico sorvendo o espetáculo que ele me proporciona. Quero que me sirva de exemplo e não me deixe esquecer de que a felicidade que podemos proporcionar pode ser feita de coisas bem pequeninas e que, tal qual a flor do ipê, só perfuma, embeleza e torna melhor a vida de todos nós.