Sentada em sua mesa de trabalho, em sua casa,ela vira-se para a janela onde uma vista panorâmica, proporcionada pelo 13º andar lhe aguarda ...Tão lindo! Uma paz!

Amanhece o dia...

Vê ali adiante,bem ao fundo um avião aterrisando, no aeroporto local. É hora de se preparar...

Aquele era o avião que traria novamente a tortura pra junto de si.

Era o período do ano em que seu marido voltava do exterior e permanecia por quatro meses em terras brasileiras , aqui trabalhando na filial americana de sua empresa.

Ao invés de felicidade, ela estava exausta. Há noites não dormia, perdera a tranquilidade ao lembrar do que lhe esperava...

Será que iria suportar?

Parecia lhe faltar forças dessa vez!

Ele egoisticamente,nunca quisera filhos,assim, estava só.Ninguém pra dividir, nenhum ombro amigo que não fossem amigas que, esporadicamente encontrava e o seu trabalho...

O nervosismo crescia, crescia ...

Ainda podia ouvir dali, os barulhos do avião na pista.


Sabia de tudo, com antecedência o que aconteceria.
Chegaria em casa, giraria a chave, passaria por ela,a beijaria, sem abraços, tomaria um banho,vasculharia as gavetas à cata do seu pijama mais velho e surrado,a chamaria, fariam  amor pra constar no livro de registro de suas vidas e dormiria...

Até o dia seguinte,na hora de ir à empresa,dormiria...

Não, efetivamente essa não era a vida que pretendia levar para o resto da vida,sem dúvida,NÃO!!!

Passar oito meses na paz, sem sua presença não justificavam os outros quatro, torturantes...

Saiu do seu canto decidida, fechou  a porta com todas as chaves, colocou uma roupa bem esportiva, saiu a caminhar pelo apartamento.................




deu passos e mais passos,cada vez mais decididos, sem a menor sombra de dúvidas....................





chegou até a janela  ..............................



e........................




atirou de lá  seu tênis velho...Ainda o olhou,lá de cima, vendo-o ao chão...

Sabia que ganharia pares e mais pares dele, trazidos do exterior...

Tão somente  para isso tivera coragem...

Era fraca, não confiava em si e aceitaria novamente, mais uma, mais outra e sabe-se lá quantas outras vezes aquela tortura. 

Na tela do seu computador, bem grande estava escrito:

Sou fraca,sou fraca,sou fraca!!!

Assim ela se qualificava e aceitava...

Preguiça,  covardia, medo???
Rejane Chica
Enviado por Rejane Chica em 25/08/2010
Código do texto: T2457983
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