Domingo de eleições

É tarde de domingo de eleições, e eu já cumpri com o meu dever. O pouco que falta do dia, vou tirar para descansar e refletir sobre minha vida. Mais do que me preocupar com o destino da nação e do meu estado, quero preocupar-me com o meu destino. Deixo as questões coletivas aos que hoje me propus a votar.

O fato é que tenho encontrado dificuldades para gerir o meu dia-a-dia, neste longo mandato de uma vida. Quem sabe eu deva dividi-lo em ministérios, reparti-lo por áreas de competência, e elaborar estratégias específicas para cada uma delas. Quem sabe assim eu consiga resultados melhores aos que obtive até agora.

A diferença é que além de ter mandato vitalício, por Deus a mim confiado, serei eu mesmo o presidente e os ministros, de forma que os riscos são bem maiores. Na vida não há como delegar funções; é você quem sozinho põe a mão na massa.

Família, amigos, namoro, trabalho... É preciso dar atenção a tudo e mostrar-se competente. Ao final da vida virá a avaliação de tudo o que foi por mim realizado, e serei posto sob julgamento celeste.

Não há, pois, responsabilidade maior, e tantas vezes é difícil suportá-la. Compreendo, embora não compartilhe da idéia, porque muitos outros eleitos destituem-se de seu cargo, tamanha a pressão que lhes é posta.

Procuro então, a cada dia, renovar minhas forças, buscando confiança para avançar e não desistir; não desaminar com os erros – pois eles virão; e sempre realizar a tão importante auto-crítica, para corrigir o rumo da vida.

Enfim, já são alguns anos de caminhada, de luta; sei que não sou bom em tudo, e procuro suprir minhas fraquezas com minha eterna vontade de aprender.

Peço compreensão àqueles que me acompanham, busco fazer o máximo e atender aos anseios de todos, os quais de certa forma convergem aos meus. Quero que todos saibam do meu completo compromisso de fazer agora o melhor, pois, não sei se terei direito a outro mandato.