Banzai

A surpresa chegou numa caixinha de Sedex com uma carta do amigo Walter Ono. Uma dose do elixir da longa vida e um exemplar de Fup, o livrinho de Jim Dodge que iria contar a história de uma pata diferente.

“Pra amigos não precisa se explicar. Eles entendem... Há vinte anos venho desenvolvendo um elixir da longa vida. Dos panteístas, no meio da floresta, servi o amargo sumo da Terra. Dancei premonições de Xamãs com raios caindo sobre suas cabeças arrepiadas. Ouvi polímatas sublimarem sabores do conhecimento destilados em cadinhos de tantas coisas, com tantos odores que guardei nas dobras da memória.”

“Longevo só, não tem graça. A vida com os amigos, sim. Aqui vai uma dose do elixir da longa vida...”

“Fly! Comprovar é muito demorado, mas posso afirmar que a nossa sobrevida vai até o último sussurro do derradeiro amigo. Banzai! (Walter Ono. Primavera chegando no ano da graça de dois mil e sete).”

O presente chegou numa sorridente manhã de Setembro. Pensei que Deus falara comigo através das palavras do Walter. Mas Ele é assim mesmo, está tão presente e – por nossa falta de inteligência – tão ausente.

Na Natureza, em nossos corações, e especialmente representado em nossos amigos.

Agora eu leria a história de Fup, a pata diferente, que mesmo antes de conhecê-la me trouxera uma lição difícil de esquecer.

E o elixir ficaria ali no criado-mudo a me falar da amizade, da eternidade, da sobrevida e do derradeiro amigo.

Banzai!

Nagib Anderáos Neto

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