Meu querido diário

A mania entre as meninas adolescentes há uns 25 anos era escrever diários, hoje continua quase igual, elas escrevem blogs. Não só as meninas, meninos e muitos adultos cultivaram e cultivam este hábito.

Também tive meu Diário que ganhei no meu aniversário de 13 anos, não lembro mais de quem ganhei tal presente, acho que foi de uma tia e sempre desconfiei que a intenção principal era manter minha mãe informada do que eu pensava. Claro que tinha um pequeno cadeado na capa, mas isso não seria uma dificuldade para uma mãe astuta e curiosa. As mães daquela época não respeitavam nenhum pouco a privacidade dos filhos e não tinham nenhum pudor em vasculhar nossas gavetas e armários. No começo hesitei em escrever tudo que me acontecia, nada muito emocionante, acredito que o mais complicado era o que eu pensava sobre tudo que acontecia e o que desejava mesmo que tivesse acontecido. Porém depois fui me entusiasmando e escrevendo sem parar, era minha veia literária e exibicionista que já dava sinais de vida.

Quem escreve diário é um exibido com certeza, escreve para si mesmo em primeiro lugar, para reler e se deliciar com suas proezas e quem sabe projetar um futuro mais brilhante a partir da análise dos seus erros. Meu diário era simples, tinha uma e outra colagem, um trevo de quatro folhas e uma pétala de rosa no meio. Algumas das minhas amigas, no entanto, enchiam as páginas de desenhos, recortes de revistas, pedacinhos de papéis de presentes que ganhavam isso que naquela época não existiam os adesivos maravilhosos que temos hoje, mais clipes coloridos e outros enfeites criativos.

Sobre o conteúdo, não me lembro de nenhuma revelação maravilhosa e nem de algum acontecimento que tenha marcado minha vida, acho que a partir do momento que comecei a me envolver mesmo com minha vida não tive mais tempo de escrever diariamente sobre ela e nem me lembro o fim que dei a ele. Posso garantir que foi um bom exercício de escrita e essa é a maior vantagem dos diários e blogs, praticar a escrita para pretensos escritores ou simples mortais. Escrever todos os dias é um costume proveitoso e ajuda na vida de estudante, na vida profissional e também para o autoconhecimento, sem contar que no futuro poderão usar nossos escritos nas nossas memórias, imagina isso se tivermos fama?

Não li na íntegra o Diário de Anne Franke, considerado um dos Diários mais famosos que se têm notícias, conheço a história que fala do sofrimento dos judeus perseguidos pelos nazistas.

Curiosa, comprei o “Diário de um banana” de Jeff Kinney que liderou por um ano a lista dos mais vendidos do New York Times. Adorei pelo humor infantil, por contar a história de um adolescente de 12 anos, o Greg que tem dois irmãos, um mais velho e outro mais novo, por ser uma visão masculina da adolescência. Gostei também do formato que é um texto com linhas e fonte que imita letra manuscrita e dos desenhos que ilustram as páginas, parecidos com os desenhos que qualquer adolescente faria, sem a menor preocupação com a representação da realidade. O Greg é atrapalhado, descuidado nas tarefas da escola e tem seus conflitos com os irmãos e com a família, em resumo, um guri normal. Recomendo a leitura.

Ana Mello
Enviado por Ana Mello em 18/11/2010
Código do texto: T2623008