Balneário de Camboriú

Dividiram a cidade. Agora tem, de um lado, a cidade de Camboriú e, do lado de cá (beirando o mar) o Balneário de Camboriú. Não se confundem e os moradores exigem o reconhecimento da dicotomia. O que as separa é um marco invisível, embora absolutamente perceptível. Coisas dos barrigas-verde.

Dizem, é a melhor cidade do Brasil para se morar. Contam, para confirmar, que dois sujeitos morreram e passavam pela triagem de São Pedro. De onde você veio? perguntou para um deles. De São Paulo, respondeu. Ok, você vai para o Céu, determinou São Pedro. E você? Eu? Eu vim de Balneário de Camboriú. Ok, então você vai para o Inferno. O cara protestou, claro, mas São Pedro explicou que quando a gente morre, nosso destino é exatamente o oposto do que tivemos em vida.

Clima ameno e delicioso (menos no alto verão), excelente comércio, atividades diárias e diversificadas para todo mundo de qualquer idade, comércio de dar inveja, preços absolutamente pagáveis, proximidade física com Joinville, Blumenau, Florianópolis. Estradas boas para todo lado. De um lado montanha e rios, de outro, o mar. Aeroportos próximos, sendo dois internacionais (o de Navegantes está prestes a se tornar um e o de Florianópolis já o é). Restaurantes fantásticos e baratos, hotéis e pousadas para todos os gostos e bolsos. Tirando os turistas paulistas/paulistanos afoitos e carentes de um almanaque que explique a existência e utilidade de palavrinhas como com licença, por favor, desculpe e obrigado, sobram os paranaenses do interior e os próprios catarinenses para dividir o espaço. Ah! Os nativos dizem que quando alguém fura fila já se sabe: é curitibobo ou um daqueles paulisteses já citados. Paraíso dos aposentados, embora tenha milhares de moradores jovens: a cidade ainda oferece excelentes faculdades. Carros na garagem. Todo mundo anda a pé.

Fiquei com inveja da rotina dos amigos que moram por lá: pela manhã, caminhada na praia. À tarde, atividades como cursos de línguas estrangeiras, escolas de dança, academia de ginástica, cineminha, cafezinho com amigos, chopinho no finzinho da tarde, passadinha no shopping para verificar se chegaram novidades na livraria.

Tudo isso sem medo da violência urbana. Não é de dar água na boca?

Lúcia Helena
Enviado por Lúcia Helena em 14/10/2006
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