Boa Viagem!

Quem compraria bilhetes para uma jornada árdua e insípida com incessantes escalas de contas a pagar, de compromissos a cumprir e de estratégias complexas para a sobrevivência?

Eu não compraria e meu não seria enfático. Isso me soa mais sacrificante de que uma peregrinação religiosa sem promessa de salvação ao fim.

E se o marketing prometesse prazeres, sonhos de consumo, realizações de desejos, contemplações estéticas, glórias e outras satisfações do ego?

Então eu pensaria mais um pouco, afinal sou sensível às tentações como qualquer ser humano.

_Tem amor nessa viagem? Perguntaria depois de contemplar os últimos itens com os olhos brilhando de contentamento antecipado, mas desconfiada de uma ausência essencial.

Diante da resposta negativa, recuaria. Eu não suportaria o tédio salpicado de prazer. A vida sem amor não faz sentido. Não me interessa uma viagem longa sem afeto ao começo, ao meio, ao fim.

_ A vontade amorosa permeia toda a viagem! Eis a resposta que me convence. Assim, embarco e recomendo a viagem. Pois a vida nasce do encontro de tais vontades e nelas se sustenta, ainda que sejam expressões de outras pulsões, como quis aquele senhor genial por quem nutro enorme admiração, simpatia e uma dose conveniente de reserva.

Evelyne Furtado
Enviado por Evelyne Furtado em 08/12/2010
Reeditado em 08/12/2010
Código do texto: T2660366
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