Monotonia

Tudo me entedia. Tédio. Lembrei-me dos escritores românticos uma “ennui sans cause”.
 
Pego um livro. Duas páginas, e já não me concentro. Releio. Mente embotada. Largo-o.
 
Ligo o computador: abro os e-mails. Um... Dois... Nada de novo. Navego. Nada de interessante. Levanto. Caminho pelo apartamento. Bebo um copo d´água (bom para a saúde). Quem sabe comer uma fruta... Qual? Opto por uva.
 
Ligo a televisão: de todas, a pior ideia. Nada que se aproveite.
 
Deito-me e permito que meu pensamento me leve para longe. Não, para o passado, não. O passado me sufoca.
 
Lembrei-me do pirlimpimpim, o pozinho mágico da fada Sininho (aquela da história do Peter Pan), que faz voar. Ir para bem longe. Ver o mundo de cima. Livre. Mas isso só acontece para quem tem pensamentos felizes. Então também não adiantaria.

Resolvo adivinhar os sons da rua. Mas que sons? O de uma moto? O de um carro? O de passos na calçada de vez em quando? Onde se escondem os passarinhos? A cidade parece suspensa no ar. Vazia. As pessoas foram para o Litoral. É verão... Férias...
 
Abúlica, desisto. Entrego-me ao embalo da indolência. Apenas consinto que o tempo me conduza.
 

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