A você que não sabe “o que” é!

Dia 14 de fevereiro, enchente 2011, Conjunto Olaria Cohab-CT, Seminário, Curitiba, Paraná, Brasil... As enchentes, já não as tratamos mais como a 20ª ou 21ª, as identificamos pelo ano, e se houver mais de uma, a segunda do ano tal...

Hoje dia 16, gostaria de não trabalhar, pois além das dores musculares que ainda me permitem ficar em pé, e de outras algias espalhadas pelo corpo e alma, relato algumas lembranças que me invadem a memória...

Recordo da gestão do ex-prefeito Roberto Requião quando no comando da administração municipal há mais ou menos 20 anos, determinou a confecção de manilhas com a logomarca de sua administração, e dai se comentou que o negócio dele era fazer propagandas pra minhoca...

Mas comentários à parte, sejam de outros administradores públicos, e ciúmes de ineptos edis que por aqui passaram, esse “manilhamento de minhocas” é um dos primeiros projetos voltados a infraestrutura desta cidade... Hoje essas manilhas já não suportam mais a vazão das águas, devido aos milhares de quilômetros de impermeabilização que sofreu nossa Curitiba ao longo de duas décadas...

Outros me recordam o programa da Ana Maria Braga, da Globo, há alguns meses, por ocasião das enchentes em São Paulo, onde se orienta ao cidadão a registrar um B.O. (Boletim de Ocorrência) na delegacia mais próxima, denunciando essas ocorrências a fim de mover ação pública judicial contra o município e o estado, cobrando as devidas responsabilidades de nossos administradores públicos...

Lembro de ter ligado para o 199(DDG) e 153 da Defesa Civil/Guarda Municipal e de ouvir a mensagem de que “...todas as linhas estão ocupadas no momento” e que se tente ligar mais tarde... Consegui conversar com uma das colegas da prefeitura através de número comercial, a qual fez as devidas anotações de local e ocorrência, e que confessou que o números de ocorrências já ultrapassava em muito a capacidade de atendimento das quatro equipes que o município dispõe! Deduzimos que deve ter chego perto das centenas de desesperados, e dentre as milhares de emergências atendidas por membros da própria comunidade, relato o caso dos dois heróis meninos que salvaram uma criança de 11 anos em Almirante Tamandaré, mas que por desgraça e escolha do destino, ali mesmo, outro ser humano infantil perdeu a vida...

Mas de volta ao exórdio Conjunto Olaria, na 2011 especificamente, dois casos afetaram os ânimos da comunidade que quase terminaram em maior tragédia, devido ao exacerbado rompante do momento!

Relato primeiro o segundo, pois intimamente e por feeling pessoal, acho que foi consequência e por solicitação do primeiro! Espero que vocês entendam pois isso levará a conclusão, para que as pessoas possam saber quem ou o que verdadeiramente são!

Há pessoas que não tem um mínimo senso de humanidade, caso típico de condutor de um caminhão de reboque que passou por nossa rua quando já havia mais de 70cm de água, e a tal velocidade que levantou mais ondas de mais 50cm em marolas que invadiram as casas, causando maior estrago... Fato que levou a desespero maior da Cleide, nossa vizinha, que em prantos gritava para seu filho não tirar satisfação com truculento e “responsável motorista”, que nunca passou por ali e que só teve seu trajeto bloqueado pelos carros que impediam o trânsito dos veículos por aquela e outras ruas! “O Cara” teve intenção e ainda falava e ria ao celular quando abordado... Só baixou a crista quando mais pessoas da comunidade vieram a intervir, indo embora e rindo e ainda dizendo que “era homem” suficiente pra se desculpar... Só não entendi onde estava o homem!

A partir da de 2009, passamos a usar nossos carros a fim de bloquear as entradas de ruas tentando evitar que motoristas passem pelos alagamentos, aumentando nossas mazelas pelas marolas que se levantam devido a passagem e velocidade destes desorientados! Mas no caso específico da Rua Osvaldo Novicki temos especial cuidado pois há ali uma tampa de concreto sobre um poço coletor de águas que mede quase 2 metros de largura por maior profundidade... E há mais de ano vimos pedindo seu concerto e manutenção pois esta tampa está quebrada e os remendos só ajudaram a deteriorar seu estado, onde há uma abertura pra mais de metro hoje, misturada a ferros retorcidos de sua frágil estrutura...

O primeiro caso ocorreu uns 15 minutos antes deste do caminhão, as ruas já estavam cobertas pela água e os carros colocados bloqueando os respectivos trajetos de entrada e saída... Quando notamos que um carro marca Chevrolet, acho (...saberei inclusive a placa quando ver o filme!), todo cheio de película escura para que não se saiba quem dentro vai, e que passou por cima do calçamento, desviando o carro da entrada e invadindo a rua com suas marolas, sendo detido pelo outro carro e gritos desesperados de minha esposa, chamando a devida atenção para os bloqueios e falta de respeito do condutor que “tinha de passar” por ali...

Impropérios das partes, quando cheguei junto para defender minha mulher, deparei com um “homem” que poderemos classificar como guarda-roupas, tão malhado e cheio de anabolizantes que você possa imaginar, acompanhado de uma jovem senhora no banco de passageiros, e não sei bem se com criança no banco de trás...

Vozes altercadas também não sei falar baixo, e entrei no tom ao que ele solenemente replicou a célebre frase “Você não sabe com quem está falando!” – ao que respondi, Não sei e não quero saber...” ao que ele respondeu com um gesto de quem procura algo em baixo de seu banco como, uma arma ou algo parecido...

– Me afastei e solicitei a minha Cissa que se afastasse também, e deixasse o carro que passasse ele por vontade própria se deixasse cair no buraco ao fim da rua, já coberto pela água da enchente 2011 que se avizinhava. – Ele por sua vez, fechou os vidros e voltou em marcha ré por onde veio...

Agora apenas um recado às “otoridades”, políticos e gestores desta cidade, se você é destes que costuma usar do jargão de que “Você não sabe com quem está falando!”, não me perguntem, pois:

Não sei e não quero saber, com as enchentes a gente vê tanta coisa passar boiando por aqui que nem liga mais, exceto o mau cheiro que fica depois!

Julio Saddock (JuCerSa)

16/02/2011

Julio Saddock
Enviado por Julio Saddock em 16/02/2011
Reeditado em 19/09/2012
Código do texto: T2795483
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