Nilza e Antonio...

Nilza e Antônio Carlos se conheceram num bar, num sábado à noite. Houve entre os dois, uma atração muito grande, mais ou menos parecida com aquela que as pessoas costumam denominar de amor a primeira vista.

Antônio ficou encantado com a maneira alegre e descontraída da Nilza, e ela adorou o jeitinho tímido dele.

Depois deste sábado, começaram a namorar e passaram a se encontrar frequentemente. No principio sempre saíam juntos. Se tornaram quase que inseparáveis. Quando não estavam trabalhando, sempre encontravam um tempo para se encontrarem e ficarem juntos.

Após alguns meses de namoro, de excelente relacionamento, de muita felicidade, resolveram se casar. Tomaram este decisão com muita alegria, pois sentiam um grande amor um pelo outro, e se davam muito bem. Casaram, tiveram filhos, e viveram muito felizes por um bom tempo, mais ou menos uns oito anos.

Antônio Carlos às vezes se sentia incomodado com algumas atitudes da Nilza, e ela com algumas dele. Mas, por medo de se magoarem, para evitarem confusão, quase sempre optavam em não conversar, em não colocar para o outro o seu incômodo.

O problema, é que como todos sabemos, pequenos incômodos quando não são resolvidos, na maioria das vezes se tornam grandes, se acumulam e se transformam em mágoas. Pessoas magoadas passam a se proteger e costumam se distanciar de quem as magoou. E foi exatamente isso que aconteceu com o Antônio Carlos e com a Nilza.

Com o passar dos anos, e diante de tantas pequenas mágoas não esclarecidas, eles foram se distanciando um do outro, passaram a não mais conversar, a até mesmo demonstrar intolerância um com o outro. E eles, que antes eram cúmplices companheiros e amigos, se tornaram quase desconhecidos (mesmo morando juntos, numa mesma casa). Em alguns momentos, se comportavam como adversários, sentiam o distanciamento, sofriam com ele, e culpavam um ao outro. Brigavam e se acusavam.

Antônio passou a não ter vontade de voltar para casa, trabalhava até mais tarde (na verdade, fazia hora na rua, para não ter que voltar), e a Nilza também.

Esta situação acontece na vida de muitos casais. Um dia, duas pessoas se conhecem, se encantam uma pela outra. E resolvem se unir. Conversam, fazem planos, trocam confidências, se tornam cúmplices e amigas. Andam de mãos dadas, se beijam, trocam palavras carinhosas e se tratam com respeito. Sentem uma imensa vontade de ficarem juntas, de conversarem sobre os mais variados assuntos, de compartilharem os planos e de comemorarem juntas as vitórias. Se gostam tanto, cuidam tanto uma da outra, que muitas vezes passam a omitir falas, comportamentos e sentimentos. Para não magoar!

E facilmente o ato de omitir se transforma e se mistura com o de mentir. Por medo de se revelar, de se contradizer, se evita conversar. O diálogo deixa de acontecer, o relacionamento passa a ser insatisfatório. A sensação de solidão aparece e vai tomando proporções incômodas, pois a solidão que mais dói, é aquela que sentimos quando estamos acompanhados.

Pela falta do diálogo, alguns casais se separam fisicamente, e outros passam a vida tentando perpetuar uma maneira infeliz de viverem juntos. E tudo muitas vezes começa com a tristeza dos dois pelo mesmo motivo: um sente falta do amor e do companheirismo do outro!

Francisquini
Enviado por Francisquini em 31/03/2011
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