Desabafo de Indignação 

            Depois de assistir ao Fantástico, domingo (13/4) e ver algumas capas de revistas desta semana, fiquei indignada. Não sei se estou certa, mas a metade (ou perto disso) do programa televisivo levou ao ar reportagens e vídeos sobre o matador de 12 crianças e adolescentes que estudavam na Escola Municipal Tasso da Silveira, no Realengo, no Rio de Janeiro. As capas das revistas trazem estampadas fotos do assassino. Isso para mim foi a gota d´água, realmente me cansei do sensacionalismo às avessas da mídia. 

            Tenho me perguntado: por que dar tanta notoriedade ao criminoso? Não seria este um de seus objetivos, além da vingança por ter sido desprezado e segregado naquela escola: ser alvo da mídia, ter voltada para si a atenção de todo o mundo, mesmo depois de morto? Por que não dar importância aos verdadeiros heróis do macabro episódio: o adolescente que, embora atônito, teve a lucidez de buscar ajuda e os três policiais que atenderam de pronto o apelo dele e entraram no colégio, ignorando completamente o que iriam encontrar. Eu sei: os policiais são treinados para isso, é seu dever, mas eles são humanos, têm filhos (talvez na mesma idade escolar daqueles alunos), era uma situação totalmente inesperada, eles tiveram só o tempo em que se dirigiam para a escola para se prepararem para o episódio e eles também têm sentimentos.

            Sinceramente, e isso é pessoal, não me interessa saber do assassino, e sim daqueles que impediram um massacre maior, salvando outras vidas com a sua presteza; quero saber das atitudes que serão tomadas para que as crianças e adolescentes, protagonistas desta tragédia, possam levar uma vida normal e da assistência que será dada aos professores para que continuem em sua profissão, mantendo a calma e a sabedoria indispensáveis para trabalhar no mesmo local e com alunos traumatizados, e às famílias que tiveram seus filhos tirados de seu convívio de maneira tão dolorosa.

            Se conhecer quem foi, como vivia,  sua personalidade, o que sofreu e as razões que levaram este rapaz fora de si (sim, porque ele não podia estar no seu juízo perfeito) a praticar esta insanidade, impedirá que outras desgraças semelhantes aconteçam que o façam as pessoas com competência para tal, com rigor científico, e longe da mídia.

            Seria sonhar demais desejar que a mídia começasse a inverter o foco de fatalidades como essas, dando valor a verdadeiros heróis, que neste caso específico foram o adolescente que providenciou socorro e os três policiais?
            
 
Mardilê Friedrich Fabre
 
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