Por que presídios, e não escolas? 

            Li no jornal da minha cidade (São Leopoldo), VS (12/4), uma notícia (meio vaga a meu ver) que me chocou: a construção de um presídio para jovens. O estado do Rio Grande do Sul com o apoio da prefeitura de São Leopoldo vai construir um presídio para jovens.

            Assaltou-me de pronto a pergunta: por que não providenciar e dar infraestrutura de pessoal (porque os prédios já existem) para que as escolas funcionem em tempo integral com cursos complementares de artes, esportes, incentivo à leitura e à escrita (e outros que agora não me ocorrem) e fiquem abertas (pelo menos algumas) também nos finais de semana para recreação e confraternização das famílias com os filhos, alunos.

            Será mais barato construir um presídio e sustentá-lo do que manter escolas, a fim de que os jovens sejam segregados do perigo a que estão sujeitos pelas ruas, devido ao tempo ocioso de que dispõem, e adquiram mais conhecimento sobre si mesmos, sobre a realidade onde estão inseridos e possam desenvolver seu espírito crítico? Não seria mais eficaz para a sociedade ensinar os jovens a discernir o bem do mal, para que tenham condições de levar uma vida cidadã e digna, dando as mesmas oportunidades para todos?

          Esse presídio quanto custará aos cofres públicos? Será um local de reinserção dos jovens à sociedade realmente? Pode ser que resolva o problema da criminalidade juvenil (baseada principalmente no uso indiscriminado de drogas) de imediato, mas a escola seria um investimento cujo resultado apareceria a médio e longo prazo.

          Tanto para o presídio como para as escolas de tempo integral são necessários profissionais competentes, neste ponto não haverá menos investimento.

          Por que estado, município e sociedade civil não se unem para organizar escolas agradáveis, eficientes, limpas, inteiras (seria necessário uma boa reforma em algumas delas) que cativem os jovens, que os façam ter orgulho de estudar nelas, para que eles desejem permanecer nelas, desenvolvendo o sentimento de pertença, ocupando seu tempo com atividades culturais, esportivas, técnicas e artísticas. Essa não seria uma solução mais plausível do que a construção de presídios para jovens?
 
  
 
 
 
 
Mardilê Friedrich Fabre
 
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