SONHO DE AMORES...

Foi como acordar de um sonho bom... Daqueles tipos de sonho que a gente nunca quer acordar, e se rebola na cama pra voltar pro mesmo lugar de onde paramos, e de vez em quando conseguimos.

Mas o meu sonho parecia tão real, talvez porque eu quisesse que assim fosse, que eu chorei de verdade quando vi que era mais um dos meus sonhos bons. Mas esse, era melhor que um simples sonho bom. Sim, era uma maravilhosa lembrança.

Avenida Paulista, junho de 2008, inverno, magnífico, enfeitado pelo reencontro com alguém que eu tanto amei, e que até hoje, se a vejo, ainda estremece meu coração.

Interessante né? A gente diz que esqueceu porque não vê, mas, mesmo que em sonho, se aparecesse, seria o suficiente para o coração da gente se desmanchar em lágrimas de felicidade por poder estar perto.

Como dizia eu, Avenida Paulista, junho de 2008, meu primeiro beijo na boca maravilhosa da Deusa que enfeitiçou o meu coração de adolescente e me fez padecer por anos antes deste feito. Ela, sofria em Paris. (Vê se isso é sofrimento?). Eu, na periferia de São Paulo.

Pode parecer o típico romance do tipo, “A Dama e o Vagabundo”, com todos os direitos autorais reservados. Mas eu acho que é mais que isso.
Não sei se alguém de vocês que está me lendo agora, sabe o que é lembrar do cheiro da nuca suada de alguém, e sentir feliz por isso.

Ou, então, lembrar daquele dia que esperou um ônibus lotado no meio da chuva, à noite, no horário de pico, pra ir encontrar o seu amor, que ainda não havia saído de casa por causa desta mesma chuva, e você espera tanto por essa pessoa que quando ela chega a sua roupa já tem secado de volta só com o calor do seu corpo.

Ou quem sabe, entrar agachadinho pelo canto da porta pra o alarme da casa dos pais dela não disparar, só pra poder dormir do lado dela, sentindo seu corpo mais perto, e acordar trocando aquele beijo repleto de mal hálito com o cabelo todo esvoaçado, os olhos cheios de remela e a cara toda amassada, e ainda proferir um grande:

“TE AMO”!

Ou então quando se está longe, ter como obrigação primordial, escrever cartas contando as coisas de seu país, as besteiras de um dia a dia de adolescente. Fazer desenhos, mandar lembrancinhas compradas na estante de um Hip com as cores dos seus Orixás.

Quem sabe então escrever milhares de poesias? Perder dez quilos com saudade do seu amor? Arrumar briga com aquele playboyzinho nojento que se acha melhor que você e ameaçar arrancar a cabeça dele num rabo-de-arraia, só porque ele machucou o coração dessa garota que ainda tinha nojo de te beijar?

Ou mesmo ir pegando informação em cada Campus da Anhembi Morumbi (que não é nada pequena) pra saber em qual deles você estudava, buscando fazer a pergunta correta pra obter uma resposta satisfatória. Só pra ir comer pastel na barraca do japonês, perto dali.

Ou agüentar do meu potencial sogro as especulações da minha potencial tendência a me tornar um marginal devido às minhas origens étnico-sociais. Reconheço que hoje até acho graça... Tadinho... Vai amar ter um neto negão!

Esse foi o tanto que amei... E espero a oportunidade de tê-la novamente... A distância pode me separar de você, mas assim como tudo na vida, ela não é eterna...

Graciliano Tolentino
Graciliano Tolentino
Enviado por Graciliano Tolentino em 03/05/2011
Reeditado em 14/11/2019
Código do texto: T2947133
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