crónica do círculo nocturno do dia

passeio nos olhares distraídos, pelas sombras da nudez,procurando o cadafalso da mentira escorrida.

há muito que sem pressas atravesso a busca no jeito desenfrado da razão oculta.

sempre quiz saber de que lado se espreguiça a noite e que bocejos estonteiam a alvorada madrugadora.

quero saber mas não encontro nos cheiros coloridos a força que derrama a virtude da cor.

então, no extase da duvida, corro lugares, procuro desencontros sem que o tempo tenha filtrado emoções passageiras.

não sei que expectativas silenciam o ruído, nem tão pouco que roxos dão tom à crucificação do facto, sei, sim, que os receios amedrontam a coragem na determinação de encetar caminhos.

quando as noites vomitam o dia e os leitos ficam solitários

caio no sono burilado da insónia, enquanto o peso do cansaço se diluí na inércia de si.

é no traço da memória que lavro as palavras disponiveis para que no inedetismo da safra colha o rubro pecaminoso da exaltação de eva.

então,ressono sons brutos, enquanto por mim escorrem olhares distraídos no desamor cobarde suicidado nos seus rancores.