SOBRE PLACAS E ADMIRAÇÃO

Foi noticia essa semana a entrega, por parte da Assembléia Legislativa, de uma placa de bronze para um senador que dizem muito importante para o Amapá. Não pude deixar de me fazer algumas perguntas simples em torno da tal placa: Quem pagou? Esse tipo de homenagem está prevista nas atribuições de um deputado estadual? Quem decide sobre os homenageados?

Fico pensando nisso e na capacidade de nossos “representantes” em violar nossos sonhos e desejos. Fico pensando que hoje é dia das mães e dia do artista, mas não há cerimônias na AL, para entrega de placas de bronze.

Não há placas nem para as mães que criam seus filhos nas ressacas invadidas, onde não se tem dignidade para viver; nem para os artistas que, como o poeta Herbert Emanuel estão na sua luta diária e no dia 12 agora ele lança mais um livro, produzido com o apoio do Rio Grande do Sul...

Não há placas nem para as mães que sustentam seus filhos com um mísero salário mínimo; nem para os artistas que nos impressionam e nos alegram com seus talentos, como na peça Cordel do amor sem fim, exibida no Aldeia do Sesc e que meu filho fez questão de rever por ter gostado do texto...

Não há placas nem para as mães que veem seus filhos e filhas com câncer e não tem condições de comprar seus medicamentos; nem para os artistas que lutam para levar poesia ao Amapá, como o Abeporá das Palavras, o Boca da noite, o Tatamirô e tantos outros...

Não há placas nem para as mães que hoje não puderam escolher o que e onde almoçar, nem para os artistas que como a Barbara Castro vão Brasil afora e representam o Amapá muito bem, inclusive sendo premiada em edital pelo MINC e trazendo para o Amapá seu projeto...

Não há placas nem para as mães; nem para os artistas...

Inclusive não há placas para um rapazinho-senhor que muito admiro, chamado professor Antonio Munhoz Lopes, que deixa sempre nosso coração amapaense aquecido com alegria, poesia e juventude.

Não há placas para quem realmente a gente admira. E quem dera placas de bronze causassem um grande impacto em quem as doa, como o que causou a introdução do bronze, que surtiu tal efeito no mundo, sendo mesmo considerado o marco definitivo para o fim da Idade da Pedra.

Mas só para alguns, diga-se de passagem...

carla nobre
Enviado por carla nobre em 15/05/2011
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