Filhotes

Filhotes

Existe algo que alguns chamam de Síndrome do Abandono Paterno . Alguem já disse que não criamos nossos filhos para nos, mas para o mundo. A dor de saber, as vezes demostrado por eles mesmos que; Nada nos une a eles além do fator sanguíneo, e que isso não tem a menor importância, pois é só um vinculo que provavelmente se acabara com a passagem desta vida para outra, levando a tira-colo a amargura misturada a um sentimento de inutilidade e abandono, como se fosse algo que não conseguimos acabar de fazer.

Ao saírem do ninho a primeira vez ficamos com os sentimentos a flor da pele, o orgulho de vê-los dar os primeiros vôos vem com o medo de que se machuquem e a preocupação para que não vão muito longe, pois queremos tê-los sempre ao alcance dos nossos olhos.

Mas ai eles já estão ao alcance do mundo, e tudo que nos resta são as dores, as físicas pela idade e as do "coração". O medo até de dizer algo que os magoe e os afaste ainda mais de nos, é quando percebemos que todo o amor e o carinho parecem que não foram o bastante ou simplesmente não serviram para nada.

As vezes nem percebemos que o ninho para eles é quase como uma prisão, que não podemos fazer parte do seu mundo, ou mesmo do seu circulo de amizades, porque somos velhos e vamos faze-los "pagar mico", envergonha-los.

Até que de repente descobrimos um novo, sentimento? Que na verdade sempre esteve lá no fundo do peito, é a solidão que trás de volta a lembrança de momentos felizes, junto com a primeira sensação de abandono, quando aconteceu o primeiro voo fora do ninho. E a nossa preocupação era tanta em protege-los que nem percebemos que já estavam começando a nos deixar.

Mas em breve estaremos fazendo parte de algo importante mas efetivamente inútil como; As estatísticas sobre os asilos públicos para "velhos", agradecendo pelo carinho e a atenção de terceiros nos dias de visitas. E você percebera que nem precisou morrer para que eles esquecessem o vinculo que um dia você pensou que unia você a eles.

Quando a noite se aproximar trazendo consigo as lembranças, que como serpentes de fogo, não nos deixa dormir sem antes molhar as rugas com lagrimas rubras que sobem queimando por dentro, desde o fundo do coração... Mas talvez esta noite o sonho seja outro e pela manhã surja mais uma vaga no seu novo ninho.

E no bolso do pijama encardido e cheio de pulgas, pela manhã alguém encontrara garatujado num pedaço de papel de pão

Filhotes, filho, filh...