Os Mortos

Eu não gostaria de comentar sobre isso, mas algumas coisas são impossiveis de não lembrarmos, por exemplo; Os mortos, os nossos e os dos outros. Parece que depois de certo tempo e por um tempo eles viram nossos visitantes, meio que constantantes.

Lembro-me de que quando meu padrinho morreu, volta e meia estava ele a me olhar, nunca me disse nada, não mim assustava nem tinha medo, mas também não perguntava nada. Quando falava com minha mãe a respeito ela só dizia; É que ele gostava muito de você, faça uma oração e pergunte o que ele quer. Mas eu nunca perguntava embora não deixasse de fazer a oração.

Que me perdoem os espiritas mas essa historia de que Fulano ou Beltrano que já morreu ontem, ou a 200, 300 ou 500 anos atrás nos vem visitar ao nosso ou ao seu bel-prazer, eu num sei não, mas é de se esperar que quem já "foi" dessa para uma melhor "espera-se" que só queiram descansar em paz.

Seria meio complicado se de uma hora para outra os nossos parentes que já foram resolvessem nos visitar mesmo que periodicamente, talvez isso aumentasse o numero de habitantes assustadoramente do lado de lá. Seria no minimo constrangedor, você estar no altar se casando e aquela prima de aventuras aparecesse ao seu lado para lhe desejar felicidades.

Mesmo distantes estão presente, alguns como um tormento, outros como uma boa lembrança. Alguns são como quadros pendurados nas paredes das salas, os mais velhos as vezes temos a impreção que nos olham com mais seriedade, ou simplesmente nos vigiam daquele quadrado na parede como se fosse uma prisão, e o mais curioso é que não nos assusta aquela galeria de emparedados.

Mas a coisa muda de figura se por um acaso um deles resolve se fazer presente com uma bafejada fria na nossa nuca. Então é como a minha mãe dizia: É melhor perguntar o que ele quer e sapecar-lhe duas ou três orações, para sossega-lo ou para nos acalmar do susto.

Se continuarem a insistir e você não se der bem com eles peça ao padre para rezar uma missa e talvez assim eles te dêem uma trégua, dependendo da sua fé.

Ás vezes, eu acho que existe uma certa carência ou solidão do lado de lá, ou quem sabe eles não se adapte as novas companhias, talvez até sintam saudades de quem ficou por aqui.

De qualquer modo, muitas vezes estão mais presentes no nosso dia a dia do que quem ainda esta por aqui.