Salve-se quem puder

A paranóia americana não tem mais limites. Os resíduos do medo estão isolando cada vez mais a Terra da Liberdade, termo, aliás, contraditório e ilógico como nunca.

Chegamos num estágio onde qualquer catástrofe, qualquer fenômeno natural, incêndio, blecaute ocorrido em território americano, nos remonta imediatamente às lembranças dos atentados terroristas, que vivemos há pouco mais de dois anos. E isso tende a piorar. Se é bem verdade que tais fenômenos acontecem em qualquer lugar do mundo, no solo estado-unidense estes eventos acabam revestindo-se de mais ressentimentos, mais intolerância, mais pavor. Ainda que não se perceba, o medo está vencendo. Não importa se aquela região possui instabilidade de placas tectônicas, ventos fortes, variação de temperatura; agora, tudo é possível, todos são suspeitos.

Penso que, dentro em breve, revelarão a "verdade" sobre o furacão Andrew, que atingiu (e deu uma boa devastada n)o sul da Florida, em 1992. Um homem, identificado como Mohammad Al'Kabbar, fundamentalista islâmico, que houvera imigrado ilegalmente para os Estados Unidos sete anos antes, pelo México, foi filmado entrando no mar da Florida, usando uma balsa, até ficar a cerca de 7 km da Costa Leste. Em seguida, num evidente ato suicida, ele começou a rodopiar, rapidamente, atingindo uma velocidade angular tão grande, que gerou um imenso furacão, que rumou para o Continente. Al'Kabbar, muito tonto, caiu n'água e morreu afogado.

O filme, feito por satélites estratégicos norte-americanos - que mostra, por cerca de seis horas, desde a saída do radical até a origem do furacão - foi encaminhado para o FBI, e usado, desde então, como ameaça diplomática para a obtenção de petróleo da Arábia Saudita. O governo Clinton se preocupou em abafar o caso, pois achava que era um ato isolado. Bush, no entanto, está se escudando no caso Andrew para aprovar, no Senado, uma lei que permite o uso de raios laser e mísseis ultraprecisos (daqueles que erram um tanque de guerra enorme e acertam em cheio um carrinho de bebê), disparados por satélites, para agir preventivamente contra qualquer homem de barba e turbante que se aproxime dos Estados Unidos. A medida prevê, ainda, um bombardeio de partículas subatômicas, que, sendo emanadas constantemente para a terra, são capazes de identificar, em qualquer lugar do mundo, cópias do corão. Um satélite- HD, com capacidade de armazenamento de 134.657.873.459 TB de informação, com um volume tão grande que será visível a olho nu da Terra, será instalado, com antenas que podem comunicar-se com bases ianques ao redor do mundo, permitindo que se capte e identifique o menor sussurro de qualquer oração islã. Uma bússola instantânea, com capacidade de orientação simultânea de aproximadamente sete trilhões de objetos, será capaz de prever, em milésimos de segundo, se qualquer organismo vivo, mesmo um cachorro, está voltado para Meca.

Com estas medidas, avaliadas em aproximadamente 800 bilhões de dólares (mais ou menos duas vezes o dinheiro necessário para se acabar com a escassez de água no mundo), Bush espera, finalmente, vencer o radicalismo religioso, e cumprir, assim, seu objetivo: dominar, digo, libertar o Mundo.

Se você se lembrou daquele desenho animado que tem um ratinho pequeno e outro ratinho bobalhão e dentuço, e está tentado a chamar o Bush de Cérebro, contenha-se. O Bush não tem cérebro. Ele é, na verdade, o Pinky trapalhão do Neoconservadorismo americano (este, sim, quem dá as cartas).

Me desculpem, mas me exaltei. Na verdade, me inspirei a escrever este texto devido ao jornalista brasileiro Luís Antônio Giron, que foi deportado para o Brasil após viajar para Dallas. Giron foi convidado pela Warner para a exibição de imprensa do filme Matrix Revolutions. Sua aventura está descrita na revista época, mas também está no link .

Como vocês lerão, o jornalista (igualmente brasileiro) Alexandre Maron também se deu mal. Culpa do sobrenome Maron, que é libanês. Mas e Giron? É sobrenome italiano, mas provavelmente os americanos se lembraram da Playa Giron, na invasão da Baía dos Porcos (Cuba, 1962).

Dêem asas à imaginação. O mundo está louco; o governo americano, mais ainda. Não se espantem se San Francisco se soltar do continente americano, devido a abalos sísmicos provocados por um bilhão e trezentos milhões de chineses pulando corda ao mesmo tempo, do outro lado do mundo.

Obrigado pela atenção, e rezem muito. Mas cuidado com o idioma da oração. Aquela vizinha gorda que fica lavando roupa na área de serviço é, na verdade, uma agente da CIA, pronta para denunciá-lo. E o leiteiro japonês é, na verdade, um Super-Saya-Jin, pronto para destruir, com um só golpe, os Estados Unidos.

Puta que pariu. Aonde vamos parar...

Thiago Salinas
Enviado por Thiago Salinas em 02/07/2005
Código do texto: T30404