Prato indigesto

Limite é limite, impotência é impotência. Causa-me asco ler um texto em que múltiplas impotências minhas vão se descortinando: para ler a crítica de fulano, que cita poemas em francês do cicrano, eu precisaria (?) ler em francês os poemas do cicrano, mas se eu sequer consigo alcançar a teoria do fulano, que estímulos usar para chegar à cicrano? Sem contar o problema da questão prática: não tenho como aprender francês de uma hora para outra apenas para entender um ensaio crítico (escrito em português) sobre esse ou aquele autor...

Algo me grita que não tenho como nascer de novo e recomeçar lá detrás, realmente o tempo não para e eu preciso tomar decisões, mas é frustrante por demais um estudo que tenha por produto final apresentar apenas minha impotência como leitor deformado, ao invés de realçar limites e potencialidades.

Acho que a correia que alimentava minha vontade de estudar estressou, perdeu sua elasticidade, está cada vez mais difícil renovar o ânimo de tocar a bola pra frente nesse futebol em que não vejo referenciais que me deem alguma segurança, ou ao menos alguém na arquibancada torcendo por mim.

Parece que até o texto, companheiro de longa data, faz de tudo para me ser indigesto. Não sei se o prato esfriou, se faltou sal ou se perdi meu paladar.