CAVALO ZAINO

Os ponteiros da horas

escorrem pela fresta da janela betume.

O tic-tac do tempo me desperta lembranças dos dias em que corria pela relva miúda e sentia o odor de suor, e o cheiro de alecrim florido esmagado sob o peso do casco.

Quando APOLO cruzava o alagadiço ganhando galopar pantaneiro, tal e qual herói dos filmes de bang-bang,

arremetia a montaria por sobre obstáculos e fazia o animal soltar um grunhido selvagem.

Hoje, abandonei aquelas aventuras juvenis.

APOLO enrijeceu as patas e nem ao menos consegue pastar no estábulo.

Observando o dia perder se exaurir em lágrimas de sangue;

escuto o relinchar denunciando que BASALA KANGA está no cio.

Antonio Virgilio Andrade
Enviado por Antonio Virgilio Andrade em 04/07/2005
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