IMPUNIDADE E HIPOCRISIA...

IMPUNIDADE E HIPOCRISIA

Sergio Pantoja Mendes

Que o Brasil é o país do jeitinho, da impunidade e da corrupção, ninguém pode negar. Do jeitinho, quando todos os poderosos do país, conseguem "jeitinhos" legais de burlarem as leis, de se locupletarem com o bem público e de não serem acusados e julgados, por nenhuma das suas mazelas.

É o país da impunidade e da corrupção, quando os nossos dirigentes políticos e as nossas autoridades dos três poderes de governo, comprovadamente, tramam, fraudam, manipulam, negociam

vantagens pessoais, praticam o casuísmo, o nepotismo e alguns outros "ismos", tais como o empreguismo, o ajudismo, o socorrismo e principalmente, o cinismo.

Nunca, desde a proclamação, tivemos notícias de tanta roubalheira, tanta maracutaia e tanto cinismo, quanto nos dois últimos governos petistas. Aguardemos pois, o decorrer do governo Dilma...

Em um exercício rápido de memória, podemos citar alguns dos casos mais conhecidos de suspeita de corrupção e de favorecimento no poder público, tais como o enriquecimento súbito de Fabio Luis Lula da Silva (um dos filhos do ex-presidente Lula), que de monitor de um zoológico, tornou-se mega-empresário; o caso do mensalão (pelo qual ninguém até hoje foi julgado e onde todos continuam na vida política); o caso do propinoduto; as mazelas das grandes obras (ferrovia norte/sul, PAC, Copa 2014, etc); enriquecimento súbito de ministro de estado (Antonio Palocci); a crise do senado (envolvendo Jose Sarney, presidente da casa e ex-presidente da República); a venda de sentenças pelo judiciário; o escândalo do Ministério dos Transportes; as negociatas políticas, para impedir a criação de CPI's; a criação pelo executivo e pelo legislativo, de leis esdrúxulas; etc.

Como se não bastasse tudo isso, temos que conviver também, com a hipocrisia da mídia e dos nossos dirigentes esportivos.

Os nadadores Cesar Cielo, Nicholas Santos, Henrique Barbosa e Vinicius Waked, foram pegos no exame anti-doping, após a disputa do Troféu Maria Lenk, em maio, no Rio de Janeiro, pelo uso da substância "furosemida". Cielo logo manifestou-se, apontando a culpa para a Farmácia de Manipulação Anna Terra (Sta Bárbara D'Oeste-SP), que fabricava para os quatro atletas, a cafeína usada por eles como suplemento e que teria, provavelmente numa falha do processo de fabricação, permitido a contaminação da cafeína.

O médico Eduardo De Rose, fundador da WADA ( Agência Mundial Antidoping), rapidamente veio a público para, com a sua voz de vovó Donalda, inocentar os nadadores e condenar a farmácia. Isto, baseado em um laudo do Laboratório LADETEC (UFRJ) que, segundo ele, comprovou a contaminação da substância. Pelo que se sabe porém, ninguém teve acesso a esse laudo e a farmácia, suposta culpada pela contaminação da cafeína, não foi chamada para se explicar, perante a corte internacional que julgou o caso.

Uma coisa que me incomoda e deixa evidente a hipocrisia das pessoas ligadas a esses fatos, é o caso da também nadadora Daynara de Paula. Em abril de 2010, após excelente atuação no Sul-Americano de Medellin (na Colombia), ela foi flagrada no exame anti-doping, pelo uso da substância "furosemida" (a mesma de Cielo e dos outros). Assim como eles, Daynara também alegou que a cafeína que usava, havia sido contaminada no processo de fabricação o que, segundo o noticiário, foi confirmado pela farmácia da qual a nadadora era cliente. No entanto, mesmo assim, Daynara, contra quem nunca havia sido levantada qualquer suspeita, foi punida com 6 meses de suspensão. Por quê?...

Outra coisa a me incomodar, é a severidade, para mim excessiva, do tratamento dado a alguns atletas, em comparação a outros; como é o caso da punição dada ao nadador Vinicius Waked.

Em 23/12/2009, Vinicius ganhou a medalha de bronze, na final de uma das competições do Troféu Open em SP. Após a disputa, ele testou positivo para a substância "isometepteno". O atleta, em sua defesa, alegou ter ingerido, sem receita médica, o remédio "Neosaldina", em cuja composição está o "isometepteno". Mesmo assim, acusado de negligência, o nadador foi punido com 2 meses de suspensão, iniciando o ano de 2010, fora de qualquer competição oficial.

Após a suspensão, Vinicius voltou às competições e este ano, juntamente com Cielo, Nicholas e Henrique Barbosa, foi outra vez flagrado em um exame anti-doping. Aí então, entra o uso de dois

pesos e duas medidas e a hipocrisia dos nossos dirigentes, incluindo a nossa vovó Donalda, o médico Eduardo De Rose. Enquanto Cielo, Nicholas e Henrique foram absolvidos, Vinicius foi considerado reincidente e suspenso por um ano. Mas como reincidente? Se os outros três atletas, ingeriram exatamente o mesmo suplemento que ele e foram inocentados, recebendo apenas uma advertência (para que tenham mais cuidado), por quê Vinicius foi condenado? Será que existe nesta história, alguma coisa a mais, que não foi divulgada? Será, Dr. De Rose, que Vinicius estava mancomunado com a farmácia, para prejudicar os outros três? Sim, porque condenar Vinicius, em minha opinião, significa culpá-lo pelo doping dos outros três... Mas... Fico em dúvida... Quer dizer... Talvez... Quem sabe?... Sei lá, não sei...

Sergio Pantoja
Enviado por Sergio Pantoja em 28/07/2011
Código do texto: T3123509
Copyright © 2011. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.