"Cabeça no Brasil só serve para enfeitar o corpo"

“Cabeça no Brasil só serve para enfeitar o corpo”, essa frase está presente na letra de uma das músicas da banda Káustico, a qual amigos fazem parte e admiro-os por serem tão críticos em suas letras. Numa noite dessas fiquei pensando nesse trecho e decidir registrar algumas coisas, se não tens interesse no meu delírio pode parar de ler agora, pois o que vem adiante nada mais é que meu pensamento vivo; posto em palavras frias no papel... na tela... no word... sei lá... Na época de Machado era mais fácil, os avanços tecnológicos ainda não faziam parte da literatura.

Quem me conhece sabe que é bastante comum discordar, seja totalmente ou em partes, das afirmações que se apresentam a mim como verdades absolutas. Penso que as cabeças de alguns corpos são enfeite e alguns corpos são enfeites de determinadas cabeças. Pessoas que usam seu intelecto para convencer, manipular ou administrar se valem da imagem do corpo, é o famoso marketing pessoal, aquele mesmo usado pelo nosso antigo presidente Lula. Quem vem acompanhando a história política de nosso país sabe que nosso “Companheiro” sindicalista teve que mudar sua imagem para obter mais credibilidade perante seus eleitores, nós.

Sua imagem é seu cartão de visita, tornando-se em alguns casos mais importante do que seu próprio caráter; a forma como seu corpo é visto. Mas creio que meus amigos ao cantarem esse trecho tentam passar que em nosso país a massa,ou seja, a população em geral não usa a cabeça, não utilizam sua inteligência deixando-se ser facilmente controlados. Concordo nesse sentido, porque não cobramos providências, já estamos acostumados às mesmas promessas sempre.

Exemplo: em todo país há pessoas em situação de rua e vivendo na miséria, milhares de jovens morrem todos os anos por conta do envolvimento com drogas e criminalidade, a saúde vai mal, a educação vai mal, falta emprego e o que vemos são medidas paliativas (programas, bolsas) e nada de efetivo e concreto é feito para resolver os mesmos problemas, vale salientar que não são novos problemas, entendam – são os mesmos problemas sempre – em que nunca se chega à raiz ou pelo menos se tenta. Por outro lado temos que acreditar no futuro promissor do país, acreditar na vinda de um messias (Luís Inácio, esse já veio e já foi...) que transformará nossa realidade, acreditar em Papai Noel também...

E assim vamos sobrevivendo com R$ 545,00 por mês, o nosso salário mínimo. R$ 60 da luz, R$ 55 da água, R$ 200 da feira, do que sobra temos que comprar roupa, calçado, colocar credito no celular, a mídia nos induz a consumir futilidades, ainda tem a cervejinha do final de semana para quem gostar, um outro lazer qualquer como ir ao cinema e daí por diante... ganhando o que ganhamos ao mês quando conseguimos emprego e mesmo assim ainda somos o país conhecido pela alegria, receptividade, “o país do futebol”.

No entanto, o velho jeitinho brasileiro que é motivo de orgulho para alguns de nós é de repudia para o restante do mundo, pois quem tiver oportunidade de trabalhar numa empresa com moldes internacionais verá que esse nosso jeito malandro de ser fica fora dos muros da instituição. Em resumo, ganhamos os piores salários, nós os pobres, o João, a Maria, que pega ônibus lotado dos os dias; vivemos de forma precária, somos abraçados de quatro em quatro anos por pessoas que desaparecem o restantes dos dias, por indivíduos que nos representam com dinheiro na cueca, caixa dois, mensalão... E mesmo assim somos felizes, apáticos e conformados. Paradoxo não acha? Uma contradição complexa e fácil de se explicar, parabéns meus amigos concordo com vocês em parte, pois digo que não todas, mas boa parte das cabeças no Brasil só servem para enfeitar o corpo.

Givanilson Soares
Enviado por Givanilson Soares em 07/08/2011
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