AS PROMESSAS DO AMOR

È incrível como se desgasta um relacionamento, com os passar dos dias, com contar das horas, com o cair da chuva.

È impressionante como juras de amor, prometida nos momentos mais afetuosos que até shaekspeare morreria de inveja possa desvalorizar tanto em tão pouco tempo, fração de segundos.

As promessas, as juras, as tramóias e os planos são esquematizados nas horas em que mais nos sentimos sensibilizados, sensibilizados com o amor, com o carinho, com o tocar dos lábios, com o calor da pele, com os nervos agitados e o coração em descompasso, com a boca molhada e a garganta seca,com os olhos fechados e corpos entrelaçados.

E não me venha com essa estória de que promessa é dívida, por que senão, noventa por cento da população mundial, não teria mais nem vestígio de crédito na praça.

Promessa à gente faz para um pai que esta doente, para que a febre do filho passe, para que consigamos passar mais um ano em paz. Nós acendemos velas, rezamos terços, entregamos oferendas tudo para que o que pedimos seja realizado para que nossas promessas sejam ouvidas e executadas.

Mas no amor, aí é outro departamento, no namoro, no casamento, num simples relacionamento a dois, as coisas já não são assim tão propensas a serem combinadas realizadas com direito a testemunha e pagamento.

No relacionamento as promessas tornam se cada dia mais pesadas, a promessa de uma casa nova, de um jardim florido, de uma cadeira de balanço, já não é mais garantia, já não é mais o bem estar necessário, cada dia se pede mais, se promete mais, se cobra mais.

Exigimos mais paciência, mais amor, mais cuidado, um microondas e uma cozinheira.Queremos mais, uma lava louça e visitas semanais ao analista, a tampa da privada abaixada, a roupa passada, um beijo na nuca, e um amasso no meio da noite.

Queremos mais, viagens a Europa, carnaval no litoral, visitas de família, happy hour em plena terça feira e um domingo em casa, na paz do Senhor.

Cada dia que passa sentimos necessidade de paz, paz e amor, paz e liberdade, paz e paixão.

Promessas já fazem parte da rotina de um casal, desde quando namoravam prometiam ter coca cola chocolate todo santo dia.

Prometiam tomar banhos juntos, pentear os cabelos um do outro,ir ao restaurante chinês uma vez por semana e dividir as tarefas de casa.

O padre obrigou os a prometer estarem juntos na alegria ou na tristeza, amar e respeitar durante todos os dias de suas respectivas vidas.

Que amor poderia dar certo com esse monte de juramentos e esse fardo nas costas?

Dívida vitalícia.

Paz e dividas andam separados, eu não durmo direito quando atraso a conta do telefone,quando não visito a amiga que me espera a meses,quando remarco pela décima quinta vez a visita ao oftalmologista.

Imagina então saber se que não se pode pisar fora da pista da certeza, quebrar o juramento, jogar ao vento as promessas de amor e respeito eterno...

Tem dias que eu mando até o papa pra aquele lugar, que não quero enxergar nem o focinho do cachorro, quanto menos a voz da minha melhor amiga.

E meu marido,aquele ao qual eu prometi amor respeito solidariedade e carinho eterno,fica onde?

Se esconde no armário ou vai dormir na casa da mãe?

Come cereal ou arrisca me perguntar sobre a janta e levar um esporro?

Dorme no sofá ou reclama para o padre?

Nunca respondi bem a cobranças, prefiro pedir as contas, me afastar, me absolva os pecados mas sem pagar promessa.

Prefiro rezar o "pai nosso" oitenta vezes por dia do que penar com esta dívida eterna.

Suelen Mônaco
Enviado por Suelen Mônaco em 12/12/2006
Reeditado em 12/12/2006
Código do texto: T315752