Metadiscursividade

Uma estranha sensação me atormenta neste exato momento. Tento escrever para ficar mais calmo, porém uma infindável inquietude sufoca minhas idéias e estrangula minha imaginação. Estou, metaforicamente, preso aos meus medos por uma espécie de elo maldito que insiste tornar-me um prisioneiro eterno do fracasso. Faltam-me forças para gritar na busca ensandecida de alguém ouvir minha súplica e tentar salvar-me desta tortura mental e psicológica chamada ignorância. Ignorância pelo fato de não saber os motivos pelos quais estou assim. Ignorância em virtude de eu não conseguir guiar meus próprios idéias de vida. Ignorância pelo exacerbado temor que tenho da realidade.

Considero-me um refém das palavras, pois, por mais que eu me esforce, não consigo transcrever para o papel aquilo que minha mente comanda. Eu não deveria ficar espantado com tamanho bloqueio criativo, visto que não é possível transpor para o papel algo que não existe na cabeça. Estou novamente fazendo culto à filosofia do nada. Cada vez mais o nada se está materializando na minha vida. Meus pensamentos estão em processo de falecimento, e eu – através de uma crônica – anunciarei a morte da racionalidade idealizadora que me é inerente. Sou um eu - lírico deveras antitético, pois, como não consigo discernir o certo do errado, acabo por adotar uma postura híbrida com base na verdade relativa. Consigo, no claro, enxergar o escuro. Consigo, na dor, perceber o alívio. Consigo, na morte, enaltecer a vida. Essa é a minha função, fazer com que todos percebam a plenitude da vida e encarem as adversidades como apenas uma etapa transitória.

Procuro fornecer reflexões prolixas nos meus discursos concisos, mas tenho a certeza de que a minha prolixidade ideológica não é captada por todos de forma correta, restando-me, pois, o rótulo de um escritor louco, contraditório e hermético. São várias as nuances lingüísticas existentes neste texto, cabe a você desvendá-las ou não. Já ouviu a frase: “Decifra-me ou te devoro”? Temos aqui um divisor de águas. Se estiver preparado, então continue a leitura, pois – se não estiver – devorar-te-ei com minha filosofia.

Sérgio Reiss
Enviado por Sérgio Reiss em 18/08/2011
Código do texto: T3167451
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