A lagartixa e o dinossauro

I - A lagartixa

Quando se é ainda criança pequena, muitas aventuras acontecem na nossa pequena existência. Não há maldades, somente a emoção em cada acontecimento, que na maioria das vezes a gente não entende, mas vai assimilando pra praticar depois. Muito embora, muita coisa a gente continue ainda não entendo e praticando (ou não) depois... vai entender.

Inventar palavras é uma dessas coisas. Daí tem "tefolone", "chumiga" e seu diminuitivo "chumiguinha" e pra não variar tanto tem também "galartixa", que até depois de crescido tem muita gente falando "largatixa". Normal. Mas caminhemos e vamos aos fatos.

Eu tinha por volta dos dois ou três anos. Papai e mamãe resolveram se mudar pra uma região do tipo fim do mundo. Mato e mato e mais mato eram os nossos vizinhos. Então tinham muitos calangos coloridos, pássaros de todas as cores, bichinhos pequenos e alguns bichinhos mais crescidos. Papai e mamãe curtiam demais o lugar. E eu aprendi a amar também.

Era assim a educação que recebia e mamãe já havia até me repreendido que era feio mostrar a língua pra's pessoas.

Pois bem, aconteceu que um dia, estava eu em meio a areia e cimento e uma casa ainda em construção, e os trabalhadores do meu pai, mais precisamente no quintal. De repente vi aquela galartixa e fiquei ali, olhando pra ela. E não é que ela pôs a língua pra mim! Fui correndo e contei tudo pra mamãe:

- A galartixa pôs a língua pra mim! Fala pra ela que é feio! Vai lá falar!

Mamãe veio e viu a galartixa toda enroladinha em seus lindos anéis coloridos preto, vermelho, branco e ... nem disse pra galartixa que era feio mostrar a língua daquele jeito.

Tadinha da galartixa! Foi presa e levada embora só por ter mostrado a língua pra mim. Ufa! ainda bem que mamãe me ensinou não mostrar a língua...

II - "Dinossáurio"

Meu sobrinho veio correndo aos gritos desesperado:

- Tia, tia vem vê. Corre, corre! Cuidado, chama o Jiraia!

Fiquei primeiro asustada, mas aí entrei na dele:

- O que vamos fazer? O Jiraia mora longe daqui. E agora?

- Não tem jeito então tia. Eu vou lá sozinho, pode deixar que ele não vai pegar você. Fica aqui quietinha; só olha pra ve se ele é muito grande!

Fui até as escadas que iam para o quintal.

- Não tem ninguém aqui.

- Mas tia ele tava ali, bem ali naquela pedra me olhando...

- Quem?

- O "dinossáurio" verde. Ele fez assim: erererugh!