Teoria da impotência

Não há nada pior do que ser impotente diante de uma situação.

Eu digo "ser", porque é isso mesmo.

Comecei tudo de novo, e sinto novos sabores na vida, e vejo cores novas no crepúsculo.

Tenho livros novos, e estou resolvendo meu caso de amor e ódio com a literatura.

Mas sou impotente.

Diante de coisas simples, de sentimentos honestos e decentes. Diante do amor e de bocas que se encaixam com perfeição. De uma virgindade que eu considerava perdida há muito, se é que já tive uma. E digo virgindade, sim, mas no sentido de pureza e curiosidade.

E preciso permancer estática, estátua, monolítica.

O terremoto virá, sem dúvida, derrubando, movimentando as bases, e sendo eficiente na devastação, como todo bom terremoto sabe fazer.

E ficarei lá, monocromática e contaminada por uma estranha doença, que traz dor, mas purifica. Trago um Princípio tatuado...

Mas, não digo isso com crueldade.

Mas, com resignação e fúria.

Mas, digo foda-se?

Não dessa vez, baby.

As pedras rolam, impotentes, monolitos fragmentados.

Rasgo meus pulsos com os dentes, e grito para paredes surdas, e vivencio meu próprio exorcismo.

Mas lá, dentro, e longe, sou estátua, quem sabe Galatéia, impotente?

Roberta Nunes

12/07/2005

Roberta Nunes
Enviado por Roberta Nunes em 12/07/2005
Código do texto: T33281
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